O DISCURSO DA PROPAGANDA DA/SOBRE A “NOVA” PREVIDÊNCIA NAS MÍDIAS DIGITAIS: EFEITOS DE ANTAGONISMO NAS RELAÇÕES CAPITAL E TRABALHO

Resumo

Esta tese objetiva compreender o funcionamento discursivo da propaganda da/sobre a “nova” Previdência em/nas redes midiáticas digitais, no sentido de entender as tensões das relações de força entre capital e trabalho, os (não) ditos e os efeitos ideológicos de sentidos e de sujeitos nessa trama, tendo em vista as contradições da luta de classes. Defendemos que o discurso da propaganda governista funciona sob determinações da formação ideológica (FI) neoliberal, sendo esse processo discursivo afetado pelas condições de produção e de circulação do discurso digital, bem como pela historicidade. Postulamos ainda a mídia digital como Aparelho Ideológico de Propaganda do Estado neoliberal (AIEP), que trabalha pela língua de Estado para “inculcar” (PÊCHEUX, 2014a) sentidos de desenvolvimento mediante a aceitabilidade das mudanças. O corpus foi constituído a partir de um arquivo de materialidades digitais de publicações coletadas em 2019 na página “Previdência e Trabalho”, no facebook, no site oficial do governo federal, além de postagens de alguns sites jornalísticos, especialmente do G1 e do UOL. Como embasamento teórico-metodológico, nos ancoramos na Análise de Discurso (AD) formulada por Michel Pêcheux, cujos gestos analíticos apoiam-se no batimento descrição/interpretação (PÊCHEUX, 2015). Os resultados apontam que, embora os dizeres acerca de um “novo” sistema previdenciário produzam efeitos de univocidade lógica, a equivocidade é instaurada nas tensões das circulações-confronto, produzindo sentidos de contestação e de resistência ao discurso defendido pelo governo, pois nos ditos de uma suposta “prosperidade” inscrevem-se os não ditos de defesa dos interesses de empresários e de perdas de direitos à classe trabalhadora.