A DISCURSIVIZAÇÃO SOBRE A FAMÍLIA NA MÍDIA – OUTROS MODELOS, A MESMA HISTÓRIA

Autores

  • Sílvia Maria Alencar Silva Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB/Brasil)

DOI:

https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2013.v1i1.33

Palavras-chave:

Família, Mídia, Sujeito, Discurso

Resumo

Durante muito tempo, prevaleceu na mídia o conceito de família cuja estrutura é composta por pai, mãe e filho(s). Mas, com o passar do tempo, a esse formato foram se juntando outros, como as famílias monoparentais, as famílias homoafetivas. Com essas alterações, outros membros se tornaram mais comuns nas formações familiares – o padrasto, a madrasta, o enteado, o filho adotivo. Porém, por mais que a família se reinvente, continuam perceptíveis nela marcas daquela família antiga, seja nos sujeitos que a compõem, seja nas práticas e funções desses sujeitos no interior do grupo familiar e nas suas relações com a sociedade. Com esses outros formatos de família ganhando visibilidade, chamou-nos atenção o modo como passaram a ser retratados pela mídia televisiva, e qual formato é priorizado em suas produções, mais especificamente, em peças publicitárias. Surgiu-nos a questão: estes novos formatos divergem tanto assim daquele formato do qual aparentemente fogem? Quais as dispersões e regularidades que compreendem este discurso? Interessou-nos também compreender a historicidade que propiciou a emergência desse discurso e qual o processo de constituição e subjetivação dos sujeitos. Para a nossa análise, tomamos como corpus um conjunto de treze peças publicitárias veiculadas no período de 2006 a 2011. Orientamo-nos pelo método arqueológico de Foucault, pelos estudos sobre mídia de Gregolin, Milanez, Navarro e Fonseca-Silva; e, para respaldar nosso trabalho com imagens em movimento, recorremos às pesquisas de Courtine e Milanez, e às noções de imagem fílmica delineadas por Aumont.Na análise deste discurso, apreciamos e descrevemos cada enunciado produzido, verbal e imagético e identificamos as regularidades e dispersões existentes. Investigamos e problematizamos os diversos formatos de família representados na mídia e, recorrendo à noção de intericonicidade, verificamos quais os efeitos de sentido construídos e as memórias evocadas além das condições de possibilidade que marcam o sujeito e que determinam que este discurso e não outro tenha surgido neste dado momento.

 

Como citar:

SILVA, Sílvia Maria Alencar. A discursivização sobre a família na Mídia – outros modelos, a mesma história. Orientador: Nilton Milanez.  2013. 88f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Programa de Pós-graduação em Linguística, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2013. DOI:https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2013.v1i1.33. Acesso em: xxxxxxxx

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Publicado

30-12-2013