ANÁLISE DURACIONAL DAS CONSOANTES OCLUSIVAS PRODUZIDAS POR BRASILEIROS APRENDIZES DE INGLÊS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE L2
DOI:
https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2015.v3i1.68Palavras-chave:
Fonética do Inglês, Fonologia, Oclusivas, Duração Segmental, Soltura AudívelResumo
Este trabalho apresenta uma análise da duração de consoantes oclusivas produzidas por americanos e por brasileiros aprendizes de inglês. O principal objetivo desta pesquisa é analisar as convergências e as divergências entre a estrutura silábica do inglês e do português brasileiro, tencionando verificar quais as reais implicações fonéticas e fonológicas no que concerne à ocorrência de consoantes oclusivas em posição de onsete coda, o que objetiva propor recursos linguísticos que dinamizem o aprendizado de inglês como L2 por brasileiros. A hipótese aqui levantada foi a de que os brasileiros aprendizes de inglês tenderiam a transferir para a L2 os padrões de produção de sua L1, e foi nosso objetivo observar como se daria essa transferência em relação à duração dos segmentos oclusivos em onset e coda silábicos. Sendo assim, foram realizadas análises acústicas de palavras que apresentam consoantes oclusivas nessas duas posições silábicas. Estas palavras foram produzidas por falantes nativos do inglês, por um lado, e, por outro, informantes brasileiros aprendizes de inglês como segunda língua, divididos nos níveis inicial, intermediário e avançado. Nossas análises revelaram que, para os falantes nativos, as oclusivas apresentam maior duração quando estão em onset do que em coda. Ou seja, a maior tendência dos americanos é a produção da oclusiva em coda silábica sem soltura audível. Por outro lado, para os brasileiros aprendizes de inglês, os nossos dados mostraram que as oclusivas são notoriamente produzidas com soltura audível, e esse fenômeno de produção da oclusiva com soltura audível em coda se dá de maneira praticamente idêntica para os níveis inicial e intermediário, caindo apenas um pouco (mas ainda não de maneira significativa) no nível avançado.No geral, esta constatação indica que há, de fato, sobreposição das informações fonológicas entre a L1 e a L2 do aprendiz brasileiro, sendo que tal informação poderá dinamizar o ensino/aprendizagem da língua inglesa por brasileiros.
Como citar:
DIAS, Michael Douglas Silva. Análise duracional das consoantes oclusivas produzidas por brasileiros aprendizes de inglês e suas implicações para o ensino de L2. Orientadora: Consuelo de Paiva Godinho Costa. 2015. 78f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-graduação em Linguística, Vitória da Conquista, 2015. DOI: https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2015.v3i1.68 . Acesso em: xxxxxxxx
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