O PAPEL DOS MARCADORES PROSÓDICOS NA FLUÊNCIA DE LEITURA
DOI:
https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.72Palavras-chave:
Fluência de leitura, Compreensão de leitura, Marcadores prosódicosResumo
Os estudos sobre fluência de leitura têm dado importância à compreensão leitora e aos aspectos prosódicos. A escrita dispõe de Marcadores Prosódicos Gráficos (MPG) e Marcadores Prosódicos Lexicais (MPLs) que apontam os aspectos rítmicos e entoacionais do texto ao leitor. Como a finalidade do texto escrito é a leitura, silenciosa ou em voz alta, um leitor fluente deverá recuperar, na sua leitura, esses aspectos prosódicos.Assim, o nosso objetivo, neste trabalho, foi caracterizar a leitura em voz alta de leitores em diferentes níveis de escolaridade a fim de entender a relação entre fluência de leitura e questões prosódicas, bem como com a compreensão leitora. Partimos da hipótese de que a capacidade de recuperar aspectos prosódicos incitados no texto por marcadores prosódicos, bem como a velocidade, precisão e compreensão de leitura são diretamente proporcionais ao nível de escolaridade. Para tanto, avaliamos a leitura em voz alta em três grupos de leitores: leitores do 2º ano do ensino fundamental; leitores do 2º ano do ensino médio; leitores com nível superior de escolaridade. Consideramos o número de palavras lidas por minuto para calcular a velocidade de leitura, e o número de palavras corretamente lidas para calcular a precisão. O desempenho da compreensão textual foi avaliado mediante teste de compreensão de múltipla escolha e teste Cloze. Para verificar o comportamento dos participantes com as variações melódicas e entoacionais suscitadas no texto escrito por meio dos marcadores prosódicos, foi preparado um design experimental, no qual foram controladas frases alvo sob a incidência dos marcadores: MPLs: “perguntou” e “disse”; MPG: ponto de interrogação (?), reticências (...), ponto de exclamação (!). ponto final (.) e ϕ (sem pontuação), bem como o contexto em que estas frases apareciam. Foram preparadas duas condições experimentais: uma para o MPL “perguntou” outra para o MPL “disse”. Para cada condição experimental foram controladas cinco combinações do MPL que introduziu a frase alvo com os MPGs que finalizaram as frases alvo. As leituras dos textos com as frases alvos foram gravadas. Os dados foram submetidos a análises acústicas,com base nas variações da Frequência Fundamental (F0), e a testes estatísticos de comparação de médias.Os resultados comprovaram que os participantes mais escolarizados apresentaram níveis de compreensão, velocidade e precisão de leitura superiores comparados aos participantes menos escolarizados. Concluiu-se, portanto, que quanto maior o nível de escolaridade, maiores são os índices de velocidade, precisão e, consequentemente, de compreensão de leitura.
Como citar:
SANTOS, Alcione de Jesus. O papel dos marcadores prosódicos na fluência de leitura. Orientadora: Vera Pacheco. 2016. 174f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-graduação em Linguística, Vitória da Conquista, 2016. DOI: https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.72. Acesso em: xxxxxxxx
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