MÃE (EX) ESCRAVA: ANÁLISE SEMÂNTICA DE MÃE EM DOCUMENTOS DA ESCRAVIDÃO E DO PERÍODO PÓS-ABOLIÇÃO

Autores

Palavras-chave:

Mãe escrava, Sentido, Liberdade, Semântica do Acontecimento, Semântica Argumentativa, Escravidão

Resumo

Neste trabalho, investiga-se sentidos de mãe em funcionamento em processos de tutela do período pós-abolicionista, mais especificamente, de 1888 a 1895, da cidade de Rio de Contas – BA. Esses processos são movidos por ex-senhores contra suas ex-escravas pela tutela dos filhos destas, nascidos sob a vigência da Lei do Ventre Livre. Procura-se, neste trabalho, responder a seguinte questão: Quais sentidos de mãe funcionam em processos de tutela pósabolicionistas de Rio de Contas – BA? Para tanto, mobiliza-se pressupostos da Semântica Argumentativa e da Semântica do Acontecimento na análise de dois corpora: um corpus principal composto por sete processos de tutela e um segundo corpus constituído pela Lei do Ventre Livre, buscando-se comprovar a hipótese levantada de que funcionam, em tais processos de tutela, sentidos de mãe que remetem ao funcionamento social de duas estruturas familiares no Brasil oitocentista, uma relativa à família livre e outra à família escrava. Demonstra-se que os sentidos de mãe materializados nos processos de tutelas e na Lei do Ventre Livre referem-se à mãe ex-escrava e singularizam-na diferenciando-a da mãe branca de elite, a qual tais sentidos não se aplicam.

 

Como citar:

CARVALHO, Israela Geraldo Viana de. Mãe (ex) escrava: análise semântica de mãe em documentos da escravidão e do período pós - abolição. Orientador: Jorge Viana Santos. 2016. 117f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-graduação em Linguística, Vitória da Conquista, 2016. DOI: https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.79 . Acesso em: xxxxxxxx

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Publicado

30-12-2016