AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA SINTÁTICA NO ÂMBITO DAS DISCUSSÕES SOBRE A PREDIÇÃO DE APRENDIZADO INICIAL DA LEITURA E DA ESCRITA
DOI:
https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2018.v6i1.133Palavras-chave:
Consciência Sintática, Aprendizado de Leitura, Aprendizado de Escrita, PrediçãoResumo
Este estudo, enquadrado na área de Aquisição da Linguagem, subárea da Psicolinguística, com interface interna com a sintaxe e externa com a Psicologia Cognitiva objetivou avaliar a variável consciência sintática e suas relações com outras variáveis de natureza linguístico-cognitivas: consciência fonológica, atenção seletiva e memória de trabalho, no âmbito das discussões sobre a predição de aprendizado inicial da leitura e da escrita, ancorado em modelos de processamento da leitura (GOMBERT, 2003; PEREIRA, 2010 SCLIAR-CABRAL, 2008) e de aquisição e aprendizado da leitura e escrita (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999; KATO, 1986). A respeito da consciência sintática, os estudos documentados na literatura científica ainda são bastante controversos (REGO, 1995; 1997; BOWEY, 2005). Há vasta literatura que investiga a consciência fonológica e, por outro lado, poucos estudos que avaliam a consciência sintática. Esta pesquisa é um estudo de campo, de abordagem tanto quantitativa quanto qualitativa, do tipo exploratório, descritivo e longitudinal. Os participantes foram vinte e duas (22) crianças, de 6-7 anos de idade, os quais foram submetidos a administração de testes neuropsicológicos em dois momentos: início do 1º ano de alfabetização e início do 2º ano de alfabetização, a fim de analisarmos de forma longitudinal o aprendizado da criança. No primeiro momento, foram avaliadas as seguintes variáveis: consciência sintática; consciência fonológica; leitura; escrita; atenção seletiva; memória de trabalho visuoespacial; e memória de trabalho fonológica. No segundo momento, foram reavaliadas as variáveis com os respectivos instrumentos já citados: leitura, escrita e consciência sintática. Os dados coletados foram tabulados e tratados qualitativa e quantitativamente, por meio da análise descritiva e análise correlacional, mediante o Coeficiente de Correlação de Pearson. Sob a perspectiva transversal e longitudinal dos nossos resultados, tanto da análise quantitativa quanto qualitativa, crianças com níveis mais elevados de consciência sintática, no primeiro momento de aplicação dos testes, apresentam melhor desempenho em aquisição e aprendizagem de leitura e escrita, quando comparados com crianças com baixos escores em consciência sintática. Ademais, considerando os resultados em consciência sintática e leitura e escrita, observamos que os resultados nos testes foram melhores no segundo momento se comparados ao primeiro momento em ambas as variáveis. Nossa hipótese explicativa para esse fenômeno pode estar na relação de reciprocidade entre a consciência sintática e o ensino do sistema de escrita. Ou seja, bons níveis de consciência sintática colaboram para a aquisição e o aprendizado da leitura e da escrita e isso, por sua vez, colabora para o aumento da consciência sintática. Os resultados alcançados demonstram que, embora a consciência fonológica tenha maior potencial preditor, há um conjunto de fatores linguísticos e cognitivos que predizem o desempenho ulterior em leitura e escrita, e revela, ainda, que a consciência sintática, apesar de apresentar correlações fracas, demonstra grande significância e papel importante na predição do aprendizado inicial da leitura e escrita, e não deve ser negligenciada.
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