PROSÓDIA E TELEJORNALISMO: UM ESTUDO PROSÓDICO SOBRE O “PADRÃO GLOBO DE QUALIDADE”
DOI:
https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2019.v7i1.177Palavras-chave:
Padrão Globo de qualidade, Padrão tonal, Prosódia, TelejornalistasResumo
Esta pesquisa foi desenvolvida tendo a seguinte questão norteadora: Há um padrão prosódico específico na fala dos telejornalistas da Rede Globo que contribui com a manutenção do “padrão Globo de qualidade”? A partir dela, desenvolvemos as seguintes hipóteses: a) existe um padrão prosódico específico; e b) esse padrão é utilizado de forma a convencer o telespectador em sua interpretação. Assim, este trabalho tem como objetivos: a) verificar se há um padrão prosódico na fala de alguns telejornalistas da Rede Globo, b) averiguar, caso exista um padrão prosódico, em que medida esse padrão concorre para estabelecer o chamado “padrão Globo de qualidade”, c) comparar a fala dos jornalistas da Globo com a fala dos jornalistas do SBT e da Rede Record e, d) verificar se há diferença prosódica entre a fala destes jornalistas. Para alcançarmos estes objetivos, dividimos este trabalho em duas partes principais que se complementam. Na primeira, avaliamos como o público percebia a fala dos jornalistas das três emissoras pesquisadas com o intuito de comparar e verificar se havia diferenças entre elas. Na segunda, separamos, de oitiva, os grupos tonais (GTs) das falas de todos os jornalistas selecionados e, a partir deles, mensuramos, com o auxílio do Praat, a F0 e a tessitura da fala dos telejornalistas da Rede Globo, do SBT e da Rede Record. Também rodamos os testes de Regressão Linear Simples, com o intuito de verificar se haveria alguma relação de dependência entre as variações da F0 inicial-medial (F0 i-m) e da F0 medial-final (F0 m-f), e de Kruskal-Wallis, com o propósito de verificar se haveria diferença significativa entre a F0 i-m e a F0 m-f, bem como verificar se haveria diferença significativa entre as tessituras dos jornalistas da Rede Globo e a tessitura dos jornalistas das outras emissoras. Os resultados do teste de percepção apontam que os juízes não identificaram um padrão na fala dos telejornalistas da Rede Globo que os diferenciassem dos jornalistas das outras emissoras. Os resultados das análises acústicas, mostraram que, embora os jornalistas da Globo parecessem apresentar uma tendência tonal que apontava para a delimitação de um padrão tonal, ao categorizarmos cada matéria apresentada por sua editoria específica, verificamos que não existe, de fato, um padrão prosódico na fala dos telejornalista da Rede Globo, assim como não encontramos um padrão tonal na fala dos profissionais das outras duas emissoras. Cada jornalista tende a um estilo de elocução própria e segue a variação tonal que a notícia sugere, ou que ele julgue necessário para cada matéria com vistas a convencer o telespectador em sua interpretação.
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