ESTUDO (SÓCIO)FUNCIONAL DA CATEGORIA ADVÉRBIO: UM OLHAR SOBRE A GRAMATICALIZAÇÃO NOS LOCATIVOS AÍ, LÁ, AQUI E CÁ NO VERNÁCULO CONQUISTENSE
DOI:
https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2019.v7i1.179Palavras-chave:
Funcionalismo, Sociolinguística, Advérbios locativosResumo
Na Tradição Gramatical, os advérbios são classificados, a rigor, como uma palavra invariável em gênero e número, que modifica um verbo, um adjetivo ou uma frase e que exprime ideia de tempo, modo, lugar (RIBEIRO, 1911; NUNES, 1942; BUENO,1944; CRUZ,1948; SAID ALI (2001; [1921]); 1966; COUTINHO (1975 [1938]); LUFT, 1978; SACCONI, 1983; CUNHA; CINTRA, 1985; ROCHA LIMA, 1998; INFANTE, 1999; ALMEIDA, 2005; BECHARA (2005 [1960]); 2006; 1999). Contudo, na Tradição Linguística estudos (AZEREDO, 2000; VILELA; KOCH, 2001; PERINI, 1998; 2010; FERRAREZI JUNIOR; TELES, 2008; VITRAL, 2017) têm demonstrado que alguns advérbios são vistos para além da função espacial. Diante dessa constatação, no presente estudo, hipotetizamos que, do ponto de vista linguístico, os advérbios locativos sejam utilizados com outras funções além da prototípica de referência a lugar e acreditamos que a posição sintática das partículas locativas na oração favoreça o deslocamento semântico do advérbio, em particular em situações de língua falada. Com o propósito de sistematizar e fundamentar esta dissertação sobre a gramaticalização dos advérbios locativos, propomos um diálogo entre a Gramática Funcional (AZEREDO, 2000; VILELA; KOCH, 2001; PERINI, 1998; 2010; FERRAREZI JUNIOR; TELES, 2008; VITRAL, 2017), compreendendo que a língua deva ser entendida de acordo com as necessidades comunicativas dos informantes, e a Sociolinguística Variacionista (WEINREICH, LABOV e HERZOG,1968; LABOV(2008 [1972]); 1994; 2001; LUCCHESI, 2004), compreendendo a necessidade de correlacionar a estrutura linguística realizada pelos informantes à sua estrutura social. Para a realização da pesquisa, foram utilizados os corpora do Português Popular e do Português Culto de Vitória da Conquista (Corpus PPVC e Corpus PCVC), dos quais analisamos 24 (vinte e quatro) entrevistas, organizadas nos moldes labovianos, a partir das variáveis independentes linguísticas (1) posição dos advérbios (inicial, pré-verbal, pós-verbal, pós-advérbio) e (2) a sua função nas sentenças (argumento, satélite); e das variáveis independentes extralinguísticas (3)sexo (masculino e feminino), (4) faixa etária (I – 15 a 25 anos, II – 26 a 50 anos), e (5) grau de escolaridade.
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