PROSÓDIA E MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO DO BEBÊ: A IMPORTÂNCIA DO HOLDING ENVIRONMENT E DO HANDLING

Autores

DOI:

https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2023.v11i1.261

Palavras-chave:

Psicolinguística. Holding e handling. Sistemas Adaptivos Complexos. Música. Prosódia.

Resumo

Neste estudo, investigamos o papel do holding e handling na prosódia inicial do bebê, estabelecendo um diálogo entre a Psicolinguística e a Música. Nosso intuito é investigar a relação entre este espaço e a fala direcionada ao bebê (Child-directed speech), inserindo toda a discussão dentro do paradigma transdisciplinar dos Sistemas Adaptativos Complexos (THELEN; SMITH, 1994; MORIN, 2011). Para isso, analisamos dados experimentais de percepção de intervalos musicais por cuidadores e dados naturalísticos de canto e fala de duas crianças e seus cuidadores. Duas hipóteses são verificadas ao longo da análise, a primeira destaca a importância do holding environment e handling no desenvolvimento inicial do bebê e sua relação com a música e linguagem; a segunda propõe uma aproximação entre os dados linguísticos e de canto iniciais da criança. Após análise dos dados, ambas as hipóteses foram confirmadas, embora ainda seja preciso analisar mais dados naturalísticos para o fortalecimento da primeira. Dessa maneira, nossos resultados mostram que músicas não dissonantes caracterizam a musicalidade infantil para cuidadores, holding e handling podem ser entendidos como atratores caóticos no desenvolvimento infantil e não há evidências acústicas que distanciem o canto da fala inicial do bebê. O presente estudo aborda o holding e handling de Winnicott, que são dois aspectos de grande relevância na relação entre mãe/cuidador e bebê. Nessas interações, fazemos reflexões dos Sistemas Adaptativos Complexos e como estes se relacionam. Apresentamos discussões concernentes à importância da estimulação musical, desde a vida uterina do bebê, fazendo também relação da música com a prosódia e como essas duas áreas possuem forte conexão. Reportamos neste estudo um modelo de multidisciplinaridade, no qual defende Morin (2011), a fim de comprovar que é possível dialogar com diferentes áreas do conhecimento, sem que uma seja mais relevante que a outra.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANDRADE, P. E. Uma abordagem evolucionária e neurocientífica da música. Neurociências, vol. 1, n. 1, p. 21 -33, 2004.

BAIA, M. F. A. O modelo prosódico inicial do português brasileiro: uma questão

metodológica? Orientador: Raquel Santana Santos. 2008. 172 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

BAIA, M. F. A. Os templates no desenvolvimento fonológico: o caso do português brasileiro. Orientador: Raquel Santana Santos. 2013. 214 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

BAIA, M. DE F. DE A. et al. Comparando a fala cantada e falada de crianças gêmeas: um diálogo entre os estudos psicolinguísticos e musicais. Revista (Con)Textos Linguísticos, v. 15, n. 30, p. 78–98, 26 jul. 2021.

BALIEIRO Jr., Ari Pedro. Psicolinguística – Introdução à Linguística: Domínios e fronteira. Fernanda Mussalim, Anna Christina Bentes (orgs). São Paulo: Cortez, 2004. 2 v.

BENENZON, R. O. Manual de Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros, 1985.

BENTES, Anna Christina. Introdução à Linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Editora Cortez, 2004.

BENTES, Anna C. (org.). Introdução à Linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Editora Cortez, 1999.

BENTES, Anna Christina. Introdução à Linguística. São Paulo: Editora Cortez, 2004.

BISOL, L. (org.). Introdução aos estudos de fonologia do português brasileiro. 4. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2013.

BISOL, L. (org.). Introdução aos estudos de fonologia do português brasileiro. 4. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005. p. 243-255.

BRUSCIA, K. E. O desenvolvimento musical como fundamentação para a terapia. Trad. Lia Rejane Mendes Barcellos. Proceedings of the 18 Annual Conference of the Canadian Association for Music Therapy, 1991, p. 2-13.

BRUSCIA, K. E. Definindo Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros, 2000 [1998].

CAVALCANTE, M. C. B. Manhês: produção e percepção na aquisição da linguagem. In: AGUIAR, M. A.; MADEIRO, F. (org.). Em-tom-ação: a prosódia em perspectiva. Recife, PE: Editora Universitária UFPE, 2007. p. 170-19.

CHOMSKY, N. Syntactic Structures. Paris: Mouton, 1977 [1957].

COHEN, A.; 't HART, J. On the anatomy of intonation. Lingua, 19, p. 177-192, 1967.

CROWE, B. J. Music & soulmaking: toward a new theory of music therapy. Oxford: The Scarecrow press, 2004.

DOWLING, W. The development of music perception and cognition. In: DEUTSCH, D. (ed.). The Psychology of Music. San Diego: Academic Press, 1999. p. 603-625.

FINGER, I. A abordagem conexionista de aquisição da linguagem. Teorias de aquisição da linguagem. Florianópolis: Editora UFSC, 2013.

GARDNER, H. A nova ciência da mente: Uma história da revolução cognitiva (C. M. Caon, Trad.). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003.

GORDON, E. E. Teoria da aprendizagem musical: competências, conteúdos e padrões. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.

GRATIER, M. As formas da voz: o estudo da prosódia na comunicação vocal mãe-bebê. In: LAZNIK, Marie Christine; COHEN, David (org.). O Bebê e seus Intérpretes: clínica e pesquisa. 1. ed. São Paulo: Instituto Langage, 2011. p. 79-83.

JACKENDOFF, R. Patterns in the mind: language and human nature. Nova York: Basic Books, 1994.

JUSCZYK, P. W. The discovery of spoken language. Cambridge: MIT Press, 1997.

LARSEN FREEMAN, D. D.; CAMERON. L. Complex systems in Language and its evolutions. In: LARSEN FREEMAN, D. D.; CAMERON. L. Complex systems and Applied Linguistics. Oxford: Oxford University Press, 2012 [2008].

LEBOVICI, S. O bebê, a mãe e o Psicanalista. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

LEMLE, M. O novo estruturalismo em linguística: Chomsky. Tempo Brasileiro, n. 15-16, p. 51-64, 1967.

MACWHINNEY, B. The CHILD Project: tools for analyzing talk. Volume 1: transcriptions and programs. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 2019.

MORIN, E. O método 1: a natureza da natureza. Porto Alegre: Sulina, 2002a.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Editora Cortez, 2011.

NORTON. H. Introdução à Música e Estética no Século XVIII. Nova Iorque: Editora Strunk, 1988.

PAGANO, L. Noções de pedagogia musical. São Paulo: Ricordi, 1965.

PAIVA, V. L. M. O. Modelo fractal de aquisição de línguas. In: BRUNO, F. C. (org.). Reflexão e prática em ensino/aprendizagem de língua estrangeira. São Paulo: Editora Clara Luz, 2005. p. 23-36.

PARIZZI, M. B. O canto espontâneo da criança de zero a seis anos: dos balbucios cantados às canções transcendentes. Revista da ABEM, Porto Alegre, v. 15, p. 39-48, 2006.

REIGADO, J. P. L. Análise acústica de vocalizações de bebês de 9 a 11 meses face a estímulos musicais e linguísticos. Lisboa: Editora Colibri, 2009. p. 61-63 e 88.

SANTOS, R. S. Adquirindo a fonologia de uma língua: produção, percepção e representação fonológica. Alfa, São Paulo, n. 52, p. 465-481, 2008.

SCARPA, E. M. The development of intonation and dialogue processes in two brazilian children. The School of Oriental and African Studies University of London, 1984.

SCARPA, E. M. Desenvolvimento da entonação e a organização da fala inicial. UNICAMP, 1988.

SCARPA, E. M. Learning External Sandhi. Evidence For A Top-Down Hypothesis Of Prosodic Acquisition. In: GALA’97 Conference on Language Representation and Processing Proceedings. Edimburgo: Universidade de Edimburgo, 1997.

SCARPA, E. M. Interfaces entre componentes e representação na aquisição da prosódia. In: R. Lamprecht (org.). Aquisição da Linguagem: Questões e Análises. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999a. p. 65-80.

SCARPA, E. M. A natureza dos sons preenchedores na Aquisição da Linguagem. In: ALBANO, E.; COUDRY, M. I.; POSSENTI, S.; ALKMIM, T. (org.). Saudades da Língua. Campinas: Mercado de Letras Edições e Livraria Ltda, 2003.

SKINNER, B. F. About behaviorism. New York: Alfred A. Knopf, 1974.

SKINNER, B. F. Verbal behavior. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1992.

't HART, J.; COLLIER, R.; COHEN, A. A Perceptual Study of Intonation: An

experimental-phonetic approach to speech melody. Cambridge: Cambridge University

Press, 1990.

THELEN, E.; SMITH, L. B. A Dynamic Systems Approach to the Development of Cognition and Action. Cambridge: MIT Press, 1994.

VIHMAN, M. M. Phonological Development: The Origins of Language in The Child. Oxford: Blackwell Publishers LTDA, 1996.

VIHMAN. M. M. Phonological Development: The First Two Years. Oxford: Blackwell Publishers LTDA, 2014.

WINNICOTT, D. W. Mirror-role of mother and family in child development. Playing and reality. London: Penguin Books, 1971.

WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1971.

WINNICOTT, D. W. O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983.

WINNICOTT, D. W. Natureza humana. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1990.

WINNICOTT, D. W. Natureza humana. Rio de Janeiro: Imago, 1990a.

WINNICOTT, D. W. Explorações psicanalíticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

WINNICOTT, D. W. Da pediatria à psicanálise: obras escolhidas. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2000.

ZILIO, D.; CARRARA, K. Mentalismo e explicação do comportamento: aspectos da crítica behaviorista radical à ciência cognitiva. São Paulo: Cultrix, 2008.

Arquivos adicionais

Publicado

30-12-2023