O USO DO FUTURO PERIFRÁSTICO COM VERBO IR NO PORTUGUÊS ORAL E ESCRITO DE VITÓRIA DA CONQUISTA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.91

Palavras-chave:

Futuro perifrástico, Verbo ir, Gramaticalização, Variação, Teoria Multissitêmica

Resumo

Neste trabalho, tivemos como objetivo central investigar as variantes para expressão do futuro,com foco nas ocorrências perifrásticas constituídas pelo verbo ir. Com esse propósito, traçamos um percurso quecompreendeu desde o reconhecimento da origem da estrutura do futuro, por meio do Latim Clássico e Latim Vulgar, à discussão estabelecida pela Tradição Gramatical e por linguistas. Em continuidade a esse trajeto, recorremos aos estudos sociolinguísticos labovianos, que nos nortearam na análise das variáveis extralinguísticas (sociais), e ao Funcionalismo norte-americano, que nos permitiu compreender as motivações para a mudança do nosso objeto de estudo. Assim tomamos como base Labov (1994), Sousa (2008), Hopper (1991), Neves (1997) e Martelotta (2012). Com um olhar na Teoria Multissistêmica, proposta por Castilho (2004), evidenciamos a possibilidade de multidirecionalidade do fenômeno estudado. Os dados para pesquisa são constituídos de duas modalidades da língua: a escrita e a falada. Em um plano sincrônico, analisamos as duas modalidades: amostras da fala do Português Culto e Português Popular de Vitória da Conquista e textos extraídos de blogs do município. No exame diacrônico da língua escrita, optamos pela seleção de jornais das décadas de 50, 60, 70, 80 e 90, do século XX. Nossa hipótese é de que o item linguístico ir vem passando por um processo de gramaticalização, em nível morfossintático e semântico, na medida em que passa de verbo pleno (com sentido de deslocamento) a verbo auxiliar (que indicatempo). Em termos gerais, observamos a construção do futuro em direçãoauma forma analítica e evidenciamos, nos resultados, a concorrência entre as formas sintética e perifrástica na escrita jornalística e nas entrevistas de falantes do português culto; no português popular, a estrutura sintética de futuro do presente está quase em desuso. Essa pesquisa tem a finalidade de contribuir com os estudos sobre o tempo verbal futuro e propor às instituições escolares uma discussão sobre o uso dos variados tipos de estrutura que desempenham a função de expressar futuridade.

 

Como citar:

SILVA, Milca Cerqueira Etinger. A gramaticalização do verbo dar: de predicador a integrante de expressões cristalizadas. Orientador: Jorge Augusto Ales da Silva; coorientadora: Valéria Viana Sousa; 2016. 123f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-graduação em Linguística, Vitória da Conquista, 2016. DOI: https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.91  Acesso em: xxxxxxxx

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteria, 2009.

BYBEE, Joan et al.The evolution of grammar: tense, aspect and modality in the languages of the world. Chicago: University of Chicago Press, 1994.

______. Mechanisms of change in Grammaticization: The Role of Frequency. In: JANDA, R.; BRIAN. J. (eds.). Handbook of historical linguistics. Oxford: Blackell, 2003, p. 602-623.

BYBEE, J.L.; PAGLIUCA,W.; PERKINS R. Back to the future. In: TRAUGOTT, E.; HEINE, B. (eds.) Approaches to grammaticalization, vol. II. Amsterdam: John Benjamins,1991. p. 17-58.

CAMARA JR, Joaquim Mattoso. Uma forma verbal portuguesa.Rio de Janeiro:Acadêmica, 1956.

______. História e Estrutura da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Padrão – Livraria Editora LTDA, 1979.

CARVALHO, Dolores Garcia; NASCIMENTO, Manoel. Gramática Histórica. São Paulo: Editora Ática, 1961.

CASTILHO, Ataliba T. de. A gramaticalização. Cadernos de estudos lingüísticos e literários. Salvador: UFBA, n. 19, p. 25-60, 1997.

______. Aspecto Verbal no português falado. In: ABAURRE, M. B. M.; RODRIGUES, A. C.S. (orgs.) Gramática do Português Falado. Campinas: Ed. Unicamp, 2002. p.83-121.

______. Unidirectionality or multidirectionality? Revista do GEL, São Paulo,v. 1, n.1, p35-48, 2004.

______. Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012.CASTILHO, Ataliba T. de (1997a). A gramaticalização. Estudos linguísticos e literários 19: 25-63, 1997.

______. Entrevista. Revista Prolíngua. Paraíba: UFPA, v. 9, n.2, p. 87-100, 2014.

CEZARIO, Maria Maura. PINTO, Deise C. de Morais; ALONSO, Karen Sampaio. B; Trajetórias: Mário Martelotta e os Estudos em Gramaticalização. In: CEZARIO, Maria Maura; CUNHA, Maria A. F. da (orgs). Linguística Centrada no Uso: uma homenagem a Mário Martelotta. Rio de Janeiro: Maud X, FAPERJ, 2013, p.41-58.

CIPRO NETO, Pasquale, INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa. 2. ed. São Paulo: Scipione, 2004.

COUTINHO, Ismael de Lima.Gramática Histórica.Rio de Janeiro: Editora ao livro técnico, 2004.

CORÔA, Maria Luiza Monteiro Sales. Tempo e Temporalidade na língua. 270f. Tese (Doutorado em Linguística). Universidade de Campinas, São Paulo, 1998.

CUNHA, Angélica Furtado da; OLIVEIRA, Mariangela Rios; MARTELOTTA, Mário Eduardo. A mudança linguística. In: MARTELOTTA, Mário Eduardo (org), Linguística Funcional: teoria e prática. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

CUNHA, Cunha; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo.6. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013.

DOLORES, Garcia Carvalho; NASCIMENTO, Manoel. Gramática Histórica.15. ed. São Paulo: Editora Ática, 1987.

FARACO, Carlos Alberto. Linguística Histórica. São Paulo: Ática, 1998.

FERREIRA, L. M. A.; CEZARIO, M. R; MARTELOTTA, M. E.; VOTRE, S. J. Uma abordagem pancrônica da sintaxe portuguesa. Gragoatá,Niterói,n.9, p. 135-154, 2000.

REVISTA HISTÓRICA – 100 ANOS DE JORNALISMO EM VITÓRIA DA CONQUISTA. Vitória da Conquista, 2012.

FONSECA, Ana Maria Hernandes da. A perífrase verbal ir + infinitivo do dialeto rio pretano: um estudo na interface sociolinguística/ gramaticalização. 173 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. São José do Rio Preto, 2010.

GONÇALVES, Alcione. O processo de gramaticalização do verbo IR no português brasileiro: um estudo diacrônico. Revista Eletrônica de Linguística, v.6, n. 1, p. 392-416, 2012.

GONÇALVES, Sebastião C. L. et al. Tratado Geral sobre Gramaticalização; In: GONÇALVES, Sebastião C. L.; HERNANDES-LIMA, Maria C.; CASSEB-GALVÃO, Vânia C. (Orgs). Introdução à Gramaticalização. Homenagem a Maria Luiza Braga. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. p. 15-66.

GIVÓN, Talmy. On understanding grammar.Amsterdam/Philadelphia: Jonh Benjamin/Academic Press, 1979.

ILARI, Rodolfo. A Expressão do Tempo em Português.São Paulo: Contexto: EDUC, 1997.

______. Linguística Românica. 3. ed. São Paulo: Editora Ática, 2004.

ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato Miguel. O verbo. In: CASTILHO, Ataliba T. de; NEVES (Cood.), Maria Helena de Moura (Org.). Gramática do Português Culto Falado no Brasil. 2. ed. São Paulo: Editora da Unicamp,V. 7, 2008, p. 163 - 341.

HEINE, B. et al. From Cognition to Grammar – Evidence from African Languages. In: TROUGOTT, E; HEINE. B. (Orgs.) Approaches to Grammaticalization, v.1, Amsterdam/Philadelphia: Jonh Benjamins Publishing Company, 1991 (1991a), p. 149-187.

______. Grammaticalization: A Conceptual Framework. Chicago: University of Chicago Press, 1991. (1991b)HOPPER, Paul. On some prinnciples of grammaticizacition. In: TRAUGOTT, Elizabeth Closs and HEINE, Bernd (Orgs). Approches to Grammaticalization. Amsterdam: John Benjamins, 1991, p. 17-36.

HOPPER, P; TRAUGOTT, E. Grammaticalization. Cambrigde: Cambridge University Press, 1993.

HORA, Dermeval da; PEDROSA, Juliene L. R. Projeto Variação Lingüística no Estado da Paraíba. João Pessoa: Idéia, 1997.

HORA, Dermeval da. Teoria da variação: uma retrospectiva. In: ______. (Org.).Diversidade lingüística no Brasil. João Pessoa: Idéia, 1997.

______. Estudos sociolingüísticos: perfil de uma comunidade. João Pessoa: UFPB, 2004.

______. (Org.). Diversidade lingüística no Brasil. João Pessoa: Idéia, 1997.

LABOV, William. Sociolinguistic Patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1972.

______.Principles of linguistic change. Oxford/Cambridge:Blackwell, 1984

LIMA, José Pinto de. Sobre a génese e a evolução do futuro com “ir” em português. In: SILVA, Augusto Soares da (Org.). Linguagem e cognição. Braga: Associação Portuguesa de Linguística / Universidade Católica Portuguesa, 2001.

LIMA, Andréia Prado. Agora: o funcionamento de um item linguístico. 99f. Dissertação (Mestrado em Linguística). Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2014.

LONGO, Beatriz de O.; CAMPOS, Odette de S. A auxiliaridade: perífrase de tempo e de aspecto no português falado. In: ABAURRE, Maria Bernadete M.; RODRIGUES, Angela C. S. (Orgs). Gramática do Português Falado.2. ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2002. V. 8.

KOCH, Ingedore G. Villança. A questão das modalidades numa nova gramática da língua portuguesa. Estudos Linguísticos, Araraquara, 1986, p. 227-236.

MARTELOTTA, Mário Eduardo. Mudança Linguística: uma abordagem baseada no uso. São Paulo: Cortez, 2011.

MARTELOTTA, Mário Eduardo; AREAS, Eduardo Kenedy. A visão funcionalista da linguagem no século XX. In: CUNHA, M. A. F. da; OLIVEIRA, M. R. de; MARTELOTTA, M. E. (orgs.). Linguística funcional: teoria e prática. Rio de Janeiro: DP&A, 2003, p. 17-55.

MARTELOTTA, Mário Eduardo; VOTRE, Sebastião J; CEZARIO, Maria M. O paradigma da gramaticalização. In:______.Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996.

MARTELOTTA, Mário Eduardo; ALONSO, Karen Sampaio. Funcionalismo, cognitivismo e a dinamicidade da língua. In: SOUZA, Edson de Rosa (Org). Funcionalismo linguístico: novas tendências teóricas. São Paulo: Contexto, 2012.

MATEUS, Mª Helena M. et al. Gramática da Língua Portuguesa. Coimbra, Livraria Almedina, 1983.

NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

______. Introdução ao funcionalismo: Preposições, Escolas, Temas e Rumos. Funcionalismo e gramaticalização: teoria, análise, ensino. João Pessoa: Idéia, p. 13- 28, 2004.

NEVES, Maria Helena de Moura. A modalidade. In: KOCH, Ingdore Villança (Org). Gramática do Português Falado.2. ed. São Paulo: Editora da Unicamp, 2002. V. 6.

NUNES, José Joaquim. Compêndio de Gramática Histórica Portuguesa.8. ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1945.

NUNES, Rosane. Evolução Cíclica do Futuro do Presente: do latim ao português. 100f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada). Universidade Católica de Pelotas. Rio Grande do Sul, 2003.

OLIVEIRA, Josane Moreira de. O futuro da língua portuguesa ontem e hoje: variação e mudança. 252f. Tese (Doutorado em Letras Vernáculas) Faculdade de Letras – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2006.

OLIVEIRA, Marilza de. Amare aveva or amre iva? A new look at the grammaticalization of Portuguese Conditional. Linguística, 15-16. São Paulo: ALFAL- USP, 2003-2004, p. 175-184.

OLIVEIRA, Fátima. Tempo e aspecto. In: MATEUS, Maria Helena Miraet al.Gramática da Língua Portuguesa. 5. ed. Lisboa, Editorial Caminho, 2003, p.130-131.

PAIVA, Maria da Conceição de; DUARTE, Maria Eugênia Lamoglia. Quarenta anos depois: a herança de um programa na sociolinguística brasileira. In: WEINREICH, Uriel; LABOV, Willian; Herzog, Marvin I. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. Tradução de Marcos Bagno e Carlos Alberto Faraco. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

PAIVA, Maria da Conceição de. A variável gênero/sexo. In: MOLLICA, Maria Cecília; BRAGA, Maria Luiza. Introdução à sociolinguística: o tratamento da variação. 3.ed. São Paulo: Contexto, 2008.

PERINI, Mário A. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

PRETI, Dino. Sociolinguística: Os níveis da fala: Um estudo Sociolínguístico do diálogo na Literatura Brasileira. 9. ed. São Paulo: Edusp, 2003.

ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 43. ed. Rio de Janeiro: José Olímpio, 2003.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. São Paulo: Cultrix, 1970.

SILVA, Rosa Virgínia Mattos e. Caminhos da linguística histórica – “ouvir o inaudível”. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

SILVA, Ademar da. A expressão da futuridade na língua falada. 276f. Tese (Doutorado em Linguística). Universidade Estadual de Campinas. São Paulo, 1997

SILVA, Jorge Augusto Alves da. A concordância verbal de primeira pessoa do plural no português popular do Brasil: um panorama sociolinguístico de três comunidades do interior do Estado da Bahia. 323 f. Tese (Doutorado em Letras). Universidade Federal da Bahia, Instituto de Letras. Bahia, 2005.

SOUSA, Valéria Viana. OS (DES)CAMINHOS DO VOCÊ: uma análise sobre a variação e mudança na forma, na função e na referência do pronome. 171 f. Tese (Doutorado). Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2008.

SQUARISI, Dad. Manual de Redação e Estilo para Mídias Convergentes. São Paulo: Geração Editorial, 2011.

TARALLO, Fernando (Org.). A pesquisa sociolingüística. 5. ed. São Paulo: Ática, 1997.

TAVARES, Maria Alice. O verbo no texto jornalístico: notícia e reportagem.Working papers em Linguistica, UFSC, n. 1. p.123-142, jul./dez. 1997

VOTRE, Sebastião. Um paradigma para a linguística funcional. In: MARTELOTTA, Eduardo M; VOTRE, Sebastião J; CEZARIO, Maria M (Orgs). In: Gramaticalização no português do Brasil: umaabordagemfuncional.Rio de Janeiro:UFRJ, 1996.

WILSON, Victoria; MARTELLOTA, Mário Eduardo. Arbitrariedade e Iconicidade. In: MARTELLOTA, Mário Eduardo (Org). Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2008.

WEINREICH, Uriel; LABOV, William; HERZOG, Marvin. Empirical foundations atheory of language change. In: LEHMANN, W.; Y. (Eds.). Directions forhistorical linguistics. Austin: University of Texas Press, 1968.

Downloads

Publicado

30-12-2016