ANÁLISE DA PROSÓDIA GESTUAL DE GAYS CISGÊNEROS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2022.v10i1.232

Palavras-chave:

Prosódia Gestual; Eventos prosódicos; Gestos. Gays; Cisgêneros.

Resumo

Este estudo se configura na relação prosódia, gestos e sujeitos gays cisgêneros, devido a necessidade da continuidade a estudos que correlacionam tais partes e de corroborar com os avanços da pesquisa sobre a comunidade LGBTQ+. É sabido que os gestos concomitantes a fala são recursos importantes à comunicação humana (KRAHMER e SWERTS, 2007; PACHECO, 2011; PACHECO e OLIVEIRA 2016; DIAS, 2018, entre outros). Esses autores enfatizam que os movimentos faciais e manuais fornecem informações prosódicas e atuam como fenômeno significativo à percepção da mensagem, dando espaço ao que chama de prosódia visual ou prosódia gestual. Isso posto, a presente pesquisa se justifica pela necessidade de associar prosódia visual a questões acerca da sexualidade humana.  Norteados pela pergunta “há um padrão prosódico gestual específico desses sujeitos?” e levantando a hipótese da existência desse padrão, buscamos investigar os gestos faciais e manuais concomitantes a prosódia da fala de sujeitos gays e héteros que produzem conteúdo para a plataforma de streaming Youtube (youtube.com). Para alcançar os objetivos deste trabalho, foram selecionados 11 (onze) vídeos disponíveis na plataforma Youtube, em que identificamos ênfases, pausas, alongamentos e perguntas, de tipos total e parcial (MORAES, 1998), e mapeamos os movimentos faciais e manuais presentes nesses eventos prosódicos produzidos pelos sujeitos gays e héteros cisgêneros. Assim, para analisamos os gestos faciais, utilizamos o sistema de código de ações faciais de Ekman e Friesen (1976) e sistema de análise gestual de Bressem (2013) para lidarmos com os gestos manuais. Os resultados obtidos foram de 486 ocorrências, somando ênfases, alongamentos, pausas e perguntas com atitudes variadas, em que identificamos 996 movimentos faciais, que vão desde posições dos olhos, sobrancelhas, pálpebras, de boca a posições e movimentos de cabeça, entre outros, e 2.054 movimentos manuais expressos com ambas as mãos, tipos variados de movimentos, palmas orientadas nos eixos horizontal, vertical, diagonal etc. Esses resultados sinalizaram que não houve padrão prosódico visual, com base em gestos faciais e manuais, produzido por gays  cisgêneros, tampouco esses são mais expressivos do que homens héteros cisgêneros. Apesar disso, os resultados reforçam a importância dos gestos, principalmente dos movimentos faciais, como fenômenos prosódicos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANTUNES, L. B. O papel da prosódia na expressão de atitudes do locutor em questões. 2007. 306 f. Tese (Doutorado em Linguística-Letras) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007. Disponível em: http://poslin.letras.ufmg.br/defesas/346D.pdf. Acesso em: 6 maio 2021.

BARBOSA, P. A. O ritmo de fala. In: BARBOSA, P. A. Prosódia. 1. ed. São Paulo: Parábola, 2019. p. 49-65.

BECAUSE I JUST WENT GAY ALL OF THE SUDDEN! From Bringing Up Baby (1938). Disponível no streaming youtube.com. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gE3pGTkaakM. Acesso em: 20 jul. 2021.

BOERSMA, P.; WEENINK, D. Praat. [Computer software]. Amsterdam, The Netherlands: Institute of Phonetic Sciences, University of Amsterdam, 2002.

BRESSEM, J. A linguistic perspective on the notation of form features in gestures. In: MÜLLER, C. et al. (ed.) Body – Language – Communication: an international handbook on multimodality in human interaction, Berlin/Boston: De Gruyter Mouton, v. 38, n. 1, p. 1079-1098, 2013.

CAGE, K.; EVANS, M. Origins of the South African Gay Co-culture. In: CAGE, K.; EVANS, M. Gayle: The language of Kinks and Queens: a history and dictionary of gay language in south africa. Cape Town: Jacana Media, 2003. Cap. 1. p. 3-5. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=WSn7026sq_cC&printsec=copyright&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 6 maio 2021.

CAGLIARI, L. C. Elementos de fonética do Português Brasileiro. São Paulo: Paulistana, 2007.

CARAVACA-MORERA, J. A.; PADILHA, M. I. Representações sociais do sexo e gênero entre pessoas trans. Revista Brasileira de Enfermagem, [S.L.], v. 70, n. 6, p. 1235-1243, dez. 2017. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0581. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/Kv57myfLRJKgHCMGytwVSxF/?lang=pt#:~:text=sociais%3B%20G%C3%AAnero%3B%20Sexo-,INTRODU%C3%87%C3%83O,il%C3%B3gica%20e%20estritamente%20horizontal(%201. Acesso em: 20 out. 2021.

DIAS, K. D. Interação entre sinal acústico e gestos na produção de interrogativas em uma amostra do PB, em diferentes atitudes. Orientador: Vera Pacheco. 2018. 118 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2018. Disponível em: https://repositorio.cepelin.org/index.php/repositorioppglintesesdissertaco/article/view/146/127. Acesso em: 28 jun. 2021.

FELIX, R. A. A. Adjetivo superlativo na fala de homens gays: uma discussão sociolinguística. 2016. 83 f. Dissertação (Mestrado em Linguística e Língua Portuguesa) – Faculdade de Ciências e Letras – Unesp, Araraquara, 2016. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/143840. Acesso em: 7 maio 2021.

FÓNAGY, I. As funções modais da entonação. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, n. 25, j p. 25-65, jul./dez. 1993. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8636884/4606. Acesso em: 7 ago. 2021.

GAUDIO, R. P. Sounding Gay: pitch properties in the speech of gay and straight men. American Speech, v. 69, n. 1, p. 30-57, 1994. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2307/455948. Acesso em: 20 set. 2020

GLAAD. Glossary of Terms: Transgender. In: Media Reference Guide 2016. New York e Los Angeles, 2016. Disponível em: https://www.glaad.org/reference/trans-terms. Acesso em: 27 fev. 2022.

HOSTETER, A. B.; ALIBALI, M. W. View embodiment: Gestures as simulated action. Physichonomic Bulletim e Review, 2008, p. 495-514. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/5287824_Visible_embodiment_Gestures_as_simulated_action.

HOUSE, D. Perception of question intonation and facial gestures. Edição, 44. 2002. Disponível em: https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.129.1604&rep=rep1&type=pdf. Acesso em: 10 maio 2021.

KENDON, A. Gesture: visible action as utterance. Cambridge: Cambridge University Press, 2004. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=hDXnnzmDkOkC&oi=fnd&pg=PR6&dq=KENDON,+A.+Gesture:+visible+action+as+utterance.+Cambridge:+Cambridge+University+Press,+2004.&ots=RL_Nx86TfO&sig=xH-z5rDqn2x2XJPtJdNG20SM4MM#v=onepage&q=stroke&f=false. Acesso em: 7 maio 2021.

KRAHMER, E. J.; SWERTS, M. G. J. Hearing and seeing beats: The influence of visual beats on the production and perception of prominence. In: HOFFMANN, R.; MIXDORFF, H. (ed.). Proceedings of Speech Prosody. 2006. Dresden. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/253831369_Hearing_and_seeing_beats_The_influence_of_visual_beats_on_the_production_and_perception_of_prominence. Acesso em: 7 maio 2021.

KRAHMER, E.; SWERTS, M. The Effects of Visual Beats on Prosodic Prominence: Acoustic Analyses. Auditory Perception and Visual Perception. Journal of Memory and Language, v. 57, n. 3, p. 396-414, 2007. Disponível em: https://www.academia.edu/18677916/The_effects_of_visual_beats_on_prosodic_prominence_Acoustic_analyses_auditory_perception_and_visual_perception. Acesso em: 10 maio 2021.

McNEILL, D. Hand and mind: what gestures reveal about thought. Chicago: The University of Chicago Press, 1992. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/37688404_Hand_and_Mind_What_Gestures_Reveal_About_Thought.

McNEILL, D.; DUNCAN, S. Growth Points in the thinking-for-speaking. In: McNeill, D. (ed.). Language and Gesture, Cambridge University Press. 2000. p. 141-161. Disponível em: https://mcneilllab.uchicago.edu/pdfs/GP-think-for-speak.pdf.

MIRANDA, L.; SWERTS, M.; MORAES, J.; RILLIARD, A. The Role of the Auditory and Visual Modalities in the the perceptual identification of Brazilian Portuguese statements and echo questions. Language and Speech. 2020. Disponível em: https://hal.archives-ouvertes.fr/hal-02456308/file/The%20role%20of%20the%20auditory%20and%20visual%20modalities%20in%20the%20perceptual%20identification%20of%20Brazilian%20Portuguese.pdf.

MORAES, J. A. Intonation in Brazilian Portuguese. In: HIST, D.; CRISTO A. (ed.). Intonation Systems: a Survey of Twenty Languages. Cambridge: Cambridge University Press. 1998. p. 179-94. Disponível em: https://silo.tips/download/intonation-in-brazilian-portuguese.

PACHECO, V. Movimentos faciais e corporais e percepção de ênfase e atenuação. In: COLÓQUIO BRASILEIRO DE PROSÓDIA DA FALA, 3, 2011, Belo Horizonte. Anais [...], Belo Horizonte, 2011.

PACHECO, V.; OLIVEIRA, M. Gestos faciais e corporais e tons alto e baixo: qual a relação? In: MADUREIRA, S. (org.). Sonoridades [recurso eletrônico]: a expressividade na fala, no canto e na declamação. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2016.

Downloads

Publicado

30-12-2022