DISCURSO, GOVERNO E POLÍTICA: AS MANIFESTAÇÕES ANTIGOVERNO DILMA ROUSSEFF
DOI:
https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.73Palavras-chave:
Governo Dilma Rousseff, Memória discursiva, Política, Mídia, (Des)GovernoResumo
Neste trabalho, com base no dispositivo teórico-analítico da Análise de Discurso, nas discussões contemporâneas acerca da relação entre mídia e política e, ainda, na arqueologia empreendida por Michel Foucault acerca dos termos “governo” e “governamentalidade”, analisamos os discursos postos em circulação acerca de uma suposta incapacidade de gestão
do Governo Dilma Rousseff em artigos publicados nas seções “Política” e “Governo”, da revista Carta Capital; nas seções “Brasil”, da revista Veja e do jornal El País; e nas seções “Mercado” e “Poder”, do jornal Folha de S. Paulo, todos em suas versões online, no período de novembro de 2014 a abril de 2015. Tal recorte temporal compreende o período em que se inicia o primeiro mês do Governo Dilma Rousseff, após a eleição presidencial – mês em que as críticas ao referido governo tornaram-se mais frequentes na mídia de modo geral - e vai até as primeiras semanas de governo depois de duas grandes manifestações populares contra o governo já no segundo mandato. Defendemos a hipótese de que tais manifestações populares contra o governo encontram(vam) sustentação nos discursos em circulação na mídia que apresentam a imagem do governo Dilma Rousseff como um mau governo. E, ainda, que esta imagem só era possível por já existir uma memória discursiva acerca de uma imagem de bom governante, configurada a partir de diferentes discursos acerca das noções de governo e de governamentalidade. Verificamos, primeiro, que essa imagem sobre o bom governante na sociedade atual retoma modelos de governamentalidade discursivizados a partir do poder Pastoral, das artes de governar, do Liberalismo, dos discursos sobre o cuidado de si, e compõem o que hoje pode ser chamada de governamentalidade neoliberal; segundo, que a imagem do governo Dilma Rousseff, em circulação nos veículos de mídia aqui analisados, afasta-se dessa imagem de bom governante; e, terceiro, que afastar-se dessa imagem configura-se como um forma de desgoverno, o que pode levar a instauração de uma grande insatisfação popular e colocar em xeque a capacidade do governo Dilma Rousseff de conduzir adequadamente o seu Estado.
Como citar:
SILVA, Alessandra Souza. Discurso, governo e política as manifestações antigoverno Dilma Rousseff. Orientadora: Edvania Gomes da Silva. 2016. 115f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-graduação em Linguística, Vitória da Conquista, 2016. DOI: https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.73 . Acesso em: xxxxxxxx
Métricas
Referências
POTHÉLOZ, D. Papel e funcionamento da anáfora dinâmica textual. In: CAVALCANTE (et. al.). Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003, p. 53-84. Coleção Clássicos da Linguística.
ALVES, A. E. S. Qualificação e trabalho bancário no contexto da reestruturação produtiva. Vitória da Conquista, Edições UESB, 2005.
BARBOSA, Leandro Chagas. Mídia e discursividade; Dilma, Lula, radicais do PT e corrupção. orientador: Adilson Ventura da Silva; coorientadora: Maria da Conceição Fonseca-Silva. 2014. 83f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2014. DOI: https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2014.v2i1.43. Acesso em: 10 jan. 2015.
BUESCU, A. I. Um discurso sobre o príncipe: a “pedagogia especular” em Portugal no século XVI. Revista Penélope, p. 33-50, 1997. ISSN: 0871-7486.
BÍBLIA. Português. Versão online. Disponível em http://bibliacomentada.com/Busca.aspx?Palavra=ovelha%20pastor#axzz3h1juYICX.
BRAIT, Beth. Ironia em perspectiva polifónica. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.
CAVALCANTE, M. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2013.
CONTE, M-E. Encapsulamento anafórico. In: CAVALCANTE (et. al.). Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003, p. 177-190. Coleção Clássicos da Linguística.
COURTINE, J-J. Análise do Discurso Político: O discurso comunista endereçado aos cristãos. São carlos: EDUFSCar, 2009.
COURTINE, J-J. Metamorfoses do discurso político: as derivas da fala pública. Trad. Nilton Milanez, Carlos Piovezani Filho. São Carlos: Claraluz, 2006.
DAVALLON, Jean. A imagem, uma arte de memória? In: ACHARD, Pierre (et. al.). Papel da Memória. Trad. José Horta Nunes – 2 ed., Campinas, SP: Pontes, 2007.
DEBORD, G.A sociedade do espetáculo. Trad. Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997 [1967].
DUCROT, O. Argumentação retórica e argumentação linguística. In: Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 44, nº. 1, 2009, p. 20-25.
DUCROT, O. Esboço de uma teoria polifônica da enunciação. Tradução Eduardo Guimarães. In. O dizer e o dito. Campinas/SP: Pontes, 1984.p. 161-219.
DUCROT, O. “Pouco” e “um pouco”. In: _____. Dizer, não dizer: princípios de semântica linguística. São Paulo: Cultrix, 1977, p. 202-231.
FRANCIS, G. Rotulação do discurso: um aspecto da coesão lexical de grupos nominais. In: CAVALCANTE (et. al.). Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003.p. 191-228. Coleção Clássicos da Linguística.
FONSECA-SILVA, M. C. Entre o verbal e o não verbal: memória e encenação discursiva da corrupção em Veja. In: XXIII Encontro Nacional da ANPOLL, 2008, Goiânia. XXIII Encontro Nacional da ANPOLL - Grupo de trabalho em Análise do Discurso, 2008. p. 1-3. Disponível em: https://dlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/files/Maria%20Fonseca-Silva.pdf. Acesso em: 15 jul. 2015.
FONSECA-SILVA, M. da C. Funcionamento discursivo e cenas validadas de escândalos na esfera do poder político. Estudos Linguísticos (São Paulo), v. 38, p. 193-203, 2009. Disponível em: http://www.gel.hospedagemdesites.ws/estudoslinguisticos/volumes/38/EL_V38N3_15.pdf. Acesso em: 15 jul. 2015.
FONSECA-SILVA, M. C.. Mídia e Lugares de Memória Discursiva. In: FONSECA-SILVA, M; POSSENTI, S. (Org.). Mídia e redes memória. Vitória da Conquista: Edições UESB, 2007b. p. 11-37.
FOUCAULT, M. História da Sexualidade 2: O uso dos prazeres. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque. – 1. ed. – São Paulo: Paz e Terra, 2014 [1984a].
FOUCAULT, M. A ética do cuidado de si como prática da liberdade. In. _____. Ditos e escritos, volume V: ética, sexualidade, política. Trad. Elisa Monteiro, Inês Autran Dourado Barbosa. - 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014 [1984b]. p. 258-280.
FOUCAULT, M. O Uso dos prazeres e as técnicas de si. In. _____. Ditos e escritos, volume V: ética, sexualidade, política. Trad. Elisa Monteiro, Inês Autran Dourado Barbosa. - 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014 [1983]. p. 187-211.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015 [1979a].
FOUCAULT, M. O Sujeito e o poder. In: DREYFUS, Hubert; RABINOW, Paul. Michel Foucault. Uma trajetória Filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995 [1979b], p.231-249.
FOUCAULT, M. Segurança, Território e População. Curso dado no Collège de France (1977-1978). São Paulo: Martins Fontes, 2008 [1978a].
FOUCAULT, M. Nascimento da Biopolítica. Curso dado no Collège de France (1977-1978). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008 [1978b].
FOUCAULT, M. O Olho do Poder. Ditos e escritos VI: Repensar a política. Trad. Ana Lúcia Paranhos Pessoa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013 [1977a]. p. 107-125.
FOUCAULT, M. Pode e Saber. In. _____. Ditos e escritos IV: Estratégia, poder-saber. Trad. Vera Lúcia Avelar Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015 [1977b]. p. 218-235.
FOUCAULT, M. Arqueologia do saber. Rio de janeiro: Forense Universitária, 2014 [1969].
GRACIAN. B. (1639).El Herói. In.: Baltasar Gracian: Obras Completas. Madrid: Ediciones Cátedra, 2011, p. 69-99.
HAMANN, T. H. Neoliberalismo, governamentalidade e ética. Revista PUC/ecopolítica. PUC: São Paulo, 2012, p. 99-133. ISSN: 2316-2600
HANSEN, J. A. Educando príncipes no espelho. Revista Floema, Ano II, nº 2A, p. 133-169, 2006. ISSN: 2177-3629.
HENRY, P. Os fundamentos teóricos da Análise Automática do Discurso de Michel Pêcheux. In: GADET, F. HAK, T. (Org.) Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Tradução: Bethania S. Mariani et al. 3. Ed – Campinas, SP. Editora da Unicamp, 1997 [1969].
KLEIN, C. O ordoliberalismo alemão expresso no ideário econômico de Roberto de Campos. Revista Historiador. Ano 05, n. 05, 2012. p. 103-118.
MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comunicação. Trad. CécíliaP. de Souza-e-Silva, Décio Rocha. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2004.
MAQUIAVEL, N.O Príncipe. São Paulo: Ediouro, 2002 [1532].
MEYER, Michel. A retórica. São Paulo: Ática, 2007.
MILNER, J-C. Reflexões sobre a referência e a correferência. In: CAVALCANTE (et. al.). Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003. p. 85-130. Coleção Clássicos da Linguística.
ORLANDI, E. P. Análise De Discurso. Princípios e Procedimentos. 3ª ed. - Campinas, SP: Pontes, 2001.
ORLANDI, E. P. As formas do silêncio. No movimento dos sentidos. São Paulo: Editora da Unicamp, 2007.
PÊCHEUX, M. A análise do discurso: três épocas. In: GADET, F. HAK, T. (Orgs.) Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Tradução: Bethania S. Mariani et al. 3. Ed – Campinas, SP. Editora da Unicamp, 1997 [1983a].
PÊCHEUX, M. O Discurso: Estrutura ou Acontecimento. Tradução: EniP. Orlandi, 5 ed., Campinas, SP: Pontes Editores, 2008 [1983b].
PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. EniPulcinelliOrlandi, Lourenço Chacon Jurado Filho, Manoel Luiz Gonçalves Corrêa, Silvana Mabel Serrani. Campinas: Editora da UNICAMP, 1988 [1975].
PÊCHEUX, M. Análise Automática do Discurso (AAD69). In: GADET, F. HAK, T. (Org.) Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Tradução: Bethania S. Mariani et al. 3. Ed – Campinas, SP. Editora da Unicamp, 1997 [1969].
PÊCHEUX, M. Língua, “Linguagens”, Discurso. In. ORLANDI (org.). Análise de Discurso: Michel Pêcheux. 3. ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2012 [1971].
PÊCHEUX & FUCHS.A propósito da análise automática do discurso: atualização e perspectivas. In: GADET, F. HAK, T. (Org.) Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Tradução: Bethania S. Mariani et al. 3. Ed – Campinas, SP. Editora da Unicamp, 1997 [1975].
PINTO, T. O new deal.Copyright, 2015.Site Historia do Mundo, Rede Omnia. Disponível em http://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/o-new-deal.htm. Acesso em 27 de setembro de 2015.
PIOVEZANI FILHO, Carlos Félix. Política midiatizada e mídia politizada: fronteiras mitigadas na pós-modernidade. In: GREGOLIN, Maria do Rosario (Org). Discurso e Mídia: A Cultura do Espetáculo. São Carlos: Claraluz, 2003.
POSSENTI, S. Os limites do discurso: ensaios sobre o discurso e o sujeito. São Paulo: Parábola editora, 2009.
POSSENTI, S. Uma leitura política. In: FONSECA-SILVA, M. da C. Poder-saber-ética nos discursos do cuidado de si e da sexualidade . Vit. da Conquista: ed. Uesb, 2007.
SANTOS, A. Glossário eíndices. In:. Baltasar Gracian: obras completas. Madrid: EdicionesCátedra, 2011 - Glossário. p. 1517-1526.
SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes, IzidoroBlikstein. – 27. Ed. – São Paulo: Cultrix, 2006 [1916].
SENELLART, M. Situação dos cursos. In: FOUCAULT, M. Segurança, Território e População. Curso dado no Collège de France (1977-1978). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1978a, p. 494-538.
SENELLART, M. As artes de governar. São Paulo: Editora 34 ltda, 2006.
VALLS, Ávaro L. M. O que é ética? Editora Brasiliense, 1994.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Categorias
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
