AS PREPOSIÇÕES DESDE E DESDE DE NO PORTUGUÊS POPULAR E CULTO DE VITÓRIA DA CONQUISTA - BA

Autores

  • Jane Silva dos Anjos Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB/Brasil)

DOI:

https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2018.v6i1.144

Palavras-chave:

Desde, Funcionalismo, Sócio-História, Sociolinguística

Resumo

O tema deste estudo é a preposição desde e sua variante desde de tomando como corpora de investigação duas normas da Língua Portuguesa do Brasil, a saber: o Português Popular e o Português Culto da cidade de Vitória da Conquista– BA. O sentido inicial da preposição desde é de espaço com movimento de afastamento, mas, também, indica o sentido de tempo e, por fim, noção. Como ponto peculiar do estudo, trataremos da tríade forma-sentido-função da preposição desde e desde de. Compreendendo que, através da Sócio-História, seja possível conhecer a história social da Língua Portuguesa por meio do estudo sistemático da preposição desde e suas variações, e, para tanto foi realizado o percurso histórico: com as preposições latinas de e ex, que deram origem a desde, até a sua consolidação na língua românica que corresponde à forma como tal conhecemos, desde. Como aporte teórico, recorremos a teoria funcionalista com enfoque no estudo do processo de gramaticalização sofrido pelas preposições desde e desde de; e à Sociolinguística, na qual nos guiamos pelas abordagens dos aspectos extralinguísticos presentes nos corpora e nos princípios da mudança linguística. Desde apresenta 12 estruturas distintas no Português Popular e Culto de Vitória da Conquista – BA. Sendo que, no Português Culto, há ocorrências da forma desde de e não é produtiva, mas, é uma forma inovadora, pois os jovens não a realizam, porém a estrutura chama atenção por ser uma combinação semelhante ao que ocorreu com a forma românica.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

AMARAL, A. O dialeto caipira: Gramática, vocabulário. 3. ed. Brasília: Hucitec, 1930.

ARNAULD, A.; LANCELOT, C. Gramática de Port-Royal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

BAGNO, M. A Norma Oculta: Língua e poder na sociedade brasileira. 5. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BAGNO, M.; CASSEB-GALVÃO, V.; REZENDE, T. F. Dinâmicas funcionais da mudança linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2017.

BASÍLIO, M. Estudo da morfologia no português falado: condições de produtividade e condições de produção. In: CASTILHO, A. Gramática do Português Falado. Campinas: Editora da Unicamp, 2002. v. 3.

BASSETO, B. F. História Externa das línguas românicas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010. v. 1.

BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.

BLUTEAU, R. Vocabulario Portuguez e latino. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712. v. 3.

BOLINGER, B. Meaning and Form. London: Longman, 1977.

BOURDIEU, P. Autoanálises de um sociólogo. Barcelona: Editorial Anagrama, 2006.

CÂMARA JR. J. M. Estrutura da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Vozes, 2008[1970].

CAMARA JR. M. Estrutura da Língua Portuguesa. Petropólis: Editora Vozes, 1992.

CARNEIRO, N. Lições de Português. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1957.

CASTILHO, A. T. Nova gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012.

CASTILHO, A. T. Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Editora Contexto, 2010.

CASTILHO, A. T. Some representations of MOTION in EP and BP standards. In: SILVA, A. S.; TORRES, A.; GONÇALVES, M. (Orgs.). Línguas pluricêntricas. Variação linguística e dimensões sociocognitivas. Braga: Publicações da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Braga, 2011.

CASTILHO, A. T.; ILARI, R.; NEVES, M. H. M. Gramática do Português culto falado. Volume 2. Campinas: Editora Unicamp, 2008.

CHOMSKY, N. Syntactic structures. Pensilvânia: Mouton & Co., 1957.

COELHO, I. L. et al. (Org.). Sociolinguística. Florianopólis: LLV/CCE/UFSC, 2015.

COLOMBAT, B.; FOUNIER, J-M.; PUECHE, C. Uma História das ideias linguísticas. Tradução: Jacqueline Léon e Marli Quadros Leite. São Paulo: Editora Contexto, 2017.

CORAMINAS, J. Breve Diccionario Etimologico de La Lengua Castelhana. 3. ed. 4. reimpressão. Madrid: Editora Gredos, 1987.

CRYSTAL, D. A Linguística. Lisboa: Editora Dom Quixote, 1977.

CUNHA, C.; CINTRA, L. L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

CUNHA, M. A. F.; OLIVEIRA, M. R.; MARTELOTTA, M. E. (orgs). Linguística funcional: teoria e prática. Rio de Janeiro: DP e A, 2003.

DAUZAT, A. Dictionnaire Etymologique de la langue française. Paris: Larousse, 1938.

DIK, C. S. Functional grammar. Cinnaminson - USA: Foris, 1978.

FARIA, E. Vocabulário latino-português. Belo Horizonte: Livraria Garnier, 2001. v. 8.

FERNANDES, M. Concordância nominal na região sul. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal de Santa Catarina, 1996.

FERRAREZI JR, C.; TELES, I. M. Gramática do Brasileiro: uma nova forma de entender a nossa língua. São Paulo: Globo, 2008.

FERRARI, L. Introdução à Linguística Cognitiva. São Paulo: Contexto, 2011.

FREIRE, S. J. A. Gramática Latina. Porto: Livraria Apostolado, 1956.

FREITAS, H. R. Princípios de Morfologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Presença Edições, 1981. Coleção Linguagem. v. 8.

GIVÓN, T. Functionalism and grammar. Amsterdam: John Benjamins, 1995.

GUIMARÃES, M. A. S.; SILVA, J. A. A.Comunidade de fala do Vernáculo Conquistense: Concordância nominal de número. In: COLÓQUIO DO MUSEU PEDAGÓGICO, 11, 2015, Vitória da Conquista. Anais... Vitória da Conquista: Edições Uesb, 2015. Disponível em: <http://periodicos.uesb.br/index.php/cmp/article/viewFile/5128/4915>. Acesso em: 9 nov. 2017.

HEGENBERG, L. Etapas da investigação científica. São Paulo: EDUSP, 1976.

HEINE, A. E. F. P. A preposição de e des/desde. In.: PEREIRA, T. L. G. Linguística e Literatura: ensaios. Salvador: Quarteto, 2004.

HEINE, B.; TRAUGOTT, E. (org.). Approaches to Grammaticalization. Focus on Theoretical and Methodological Issues. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 1991. p. 17-35. v. 1.

HOPPER, P. J. On some Principles of Gramaticization. Pittsburgh, Pensilvânia: Carnegie Mellon University, 1991.

HOPPER, P. J.; TRAUGOTT, E. C. Grammaticalization. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.

HOPPER, P. J.; TRAUGOTT, E. C. Gramaticalization. 2. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

HYMES, D. Foundations in Sociolinguistics: An ethnographic approach. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1974.

ILARI, R. Linguística Românica. São Paulo: Editora Moderna, 2001.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico. 2010.

LABOV, W. Padrões sociolingüísticos. Trad. de M. Bagno; M. M. P. Scherre; C. R. Cardoso. São Paulo: Parábola Editorial, 2006 [1972].

LEITE, Y.; CALLOU, D. Como falam os brasileiros. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

LIMA, C. H. R.Gramática normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Olympio, 2003.

LUCCHESI, D. Sistema, mudança e linguagem: um percurso na história da língua moderna. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.

MACAMBIRA, J. R. Estrutura Morfo-Sintática do Português. São Paulo: Pioneira, 2001.

MACHADO, J. P. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. 2. ed. Lisboa: Editorial Confluência, 1967.

MADVIG, J. N. Gramática Latina. Rio: Livraria Teixeira, 1942.

MAIA, C. A. História do Galego-Português. Fundação Calouste Gulbenkian: reimpressão da edição do INIC, 1986.

MARTELOTTA, M. E. (org.). Manual de Linguística. 2. ed., 3ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2015.

MARTELOTTA, M. E. Mudança linguística: uma abordagem baseada no uso. São Paulo: Cortez, 2011.

MARTELOTTA, M. E. Unidirecionalidade na gramatização. In: VITRAL, L.; COELHO S. (Orgs). Estudos de processos de gramaticalização em português: metodologia e aplicações. Campinas: Mercado de Letras, 2010.

MARTELOTTA, M. E.; AREAS, E. K. A visão funcionalista da linguagem no século XX. In: CUNHA, M. A. F.; OLIVEIRA, M. R.; MARTELOTTA, M. E. T. (Org.). Lingüística Funcional: teoria e prática. Rio de Janeiro: DP&A/Faperj, 2003.

MARTINET, A. Elementos de lingüística geral. 2. ed. rev.. Madrid: Editorial Gredos, 1969.

MARTINS, L. F. A gramaticalização de marcadores discursivos com verbos de percepção visual em configuração imperativa: uma análise construcional. Dissertação (Mestrado em Linguística)- Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2013.

MARTINS, R. Para entender a linguística. São Paulo: Parábola, 2003.

MATEUS, M. H. M. et al. Gramática da língua portuguesa. 2. ed. revista e aumentada. Lisboa: Editorial Caminho, 1989.

MATEUS, M. H. M. et al. Gramática da língua portuguesa. 63. ed. revista e aumentada. Lisboa: Caminho, 2003. Capítulos 22, 23 e 24.

MATTOS E SILVA, R. V. A mudança linguística em perspectiva sócio-histórica ou extralinguística no funcionalismo: sobre o Sóciofuncionalismo. In: MATTOS E SILVA, R. V. Caminhos da Linguística Histórica: ouvir o inaudível. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

MEILLET, A. Linguistique historique et linguistique générale. Paris: Honoré Champion, 1948. 1. ed de 1912.

MEIRA, G. A. Estudo comparativo entre as normas popular e culta do português de Vitória da Conquista: concordância nominal de número. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista – BA, 2016.

MELO, G. C. A língua do Brasil. Rio de Janeiro. Editora FGV, 1971.

MEYER-LUBKE, W. Introducción Al Estudio de La Linguística Romance. Tradução Américo Castro. Toronto: Hand bound at the University of Toronto Press, 1926.

MOLLICA, M. C. Fala, Letramento e Inclusão Social. São Paulo: Contexto. 2007.

MOLLICA, M. C.; BRAGA, M. L. (Org.). Introdução à Sociolinguística: o tratamento da variação. 4. ed. 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2013.

NASCENTES, A. Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa Caldas Aulete. 3. ed. Lisboa: Editora Delta, 1974. v. 5.

NEVES, M. H. M. A Gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

NEVES, M. H. M. Gramática de usos do português. São Paulo: Editora UNESP, 2000.

NEVES, M. H. M. A modalidade: um estudo de base funcionalista na língua portuguesa. Revista portuguesa de filologia, v. XXIII, p. 97-123, 2001.

NUNES, J. J. Compêndio de Gramática Histórica Portuguesa. 5. ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1945.

OLIVEIRA, M. R.; VOTRE, S. J. A trajetória das concepções de discurso e de gramática na perspectiva funcionalista. Matraga, Rio de Janeiro, v. 16, n. 24, p. 97-114, 2009.

PEREIRA, T. L. A Mudança Linguística. Linguística e Literatura: ensaios. Salvador: Quarteto, 2004.

PRETI, D. Sociolinguística: os níveis de fala. 6. ed. São Paulo: EDUSP, 1994.

RAVIZZA, P. J. Gramática Latina. 9. ed. Niterói: Escolas Profissionais Salesianas, 1940.

RIBEIRO, J. Grammatica Portugueza: 3º ano. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria Clássica Alves e C., 1889.

RIBEIRO, M. A. O verdadeiro Imparcial dos sucessos da Ilha Terceira desde 11 de maio de 1817, até 15 de maio de 1821. Lisboa: Impressão de J.B Morando, 1821.

RIEMANN, P. O. Syntaxe Latine. 7. ed. Paris: Librairie C. Klincksilck, 1942.

ROSÁRIO, I. C. Gramaticalização de até: usos na linguagem padrão dos séculos XIX e XX. Dissertação (Mestrado em Língua Portuguesa) – Instituto de Letras, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2007.

ROSÁRIO, I. C. Gramaticalização: uma visão teórico-epistemológica. Palimpsesto, n. 11, Ano 9, 2010.

RUBIO, L. Introducción a La Sintaxis Estructural Del Latin VII. México: Editorial Ariel, 1976.

SAID ALI, M. Gramática Histórica da Língua Portuguesa. 5. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1965.

SAID ALI, M. Gramática Histórica da Língua Portuguesa. Biblioteca Brasileira de Filologia. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1971. v. 19.

SÂNDALO, M. F. Morfologia. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. Introdução à Linguística. Domínios e fronteiras, v. 1, Cortez Editora, 2001.

SANTOS, G. O português afro-brasileiro de Helvécia-BA: análise da variável em coda silábica. 2012. Tese (Doutorado em Letras e Linguística)–Universidade Federal da Bahia, 2012.

SCHERRE, M. M. P. Paralelismo lingüístico. Revista de Estudos da Linguagem, v. 7, n. 2, p. 29-59, 1998.

SILVA, A. M. Grande Diccionario da Lingua Portugueza. 8. ed. Rio de Janeiro: Empreza Litteraria Fluminense, 1918. v. 1.

SILVA, J. A. A. A concordância verbal de terceira pessoa do plural no português popular do Brasil: um panorama sociolinguístico de três comunidades do interior da Bahia. Tese (Doutorado em Letras). Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2005.

SILVA, J. J. D.; COSTA, C. P. G. Debucalização e Fonologia autossegmental. Letrônica, Porto Alegre, v. 7, n. 2, p. 627-651, 2014.

SILVA-CORVALAN, C. The limits of convergence in language contact. Journal of Language contact (Thema 2), p. 213-224, 2008.

SOUZA, M. O. P. A Fonética como importante componente comunicativo para o ensino de língua estrangeira. Revista Prolíngua, v. 2, n.1, p. 33-43, jan./jun. 2009.

TARALLO, F. A Pesquisa Sóciolinguística. São Paulo: Ática, 1997.

VIEIRA, M. J. B. Variação das preposições em verbos de movimento. SIGNUM: Est. Ling., Londrina, v. 12, n. 1, p. 423-445, jul. 2009.

VILELA, M.; KOCH, I. V. Gramática de Língua Portuguesa: gramática da palavra, gramática da frase, gramática do texto. Coimbra: Coimbra, 2001.

WEINREICH, U. et al. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. Cap. 3. p. 87-125.

WILSON, V.; MARTELOTTA, M. E. Arbitrariedade e iconicidade. In: MARTELOTTA, M. E. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2008.

Downloads

Publicado

30-12-2018