O SENTIDO DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E NOS JORNAIS DE GRANDE CIRCULAÇÃO

Autores

  • Raísa Ribeiro Leal Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB/Brasil)

DOI:

https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2019.v7i1.180

Palavras-chave:

Pessoa com deficiência, Enunciação, Sentidos, Semântica do Acontecimento

Resumo

O objetivo deste trabalho é entender a constituição dos sentidos de pessoa com deficiência em diferentes materialidades. Para tanto selecionamos quatro recortes do Estatuto da Pessoa com Deficiência e três matérias de jornais de grande circulação, O Globo, Folha De São Paulo e O Estado de São Paulo. Perguntamos, então: como a constituição do sentido de pessoa com deficiência gera divisões no espaço de enunciação. Como base teórica adotamos a Semântica do Acontecimento, proposta por Eduardo Guimarães (2002; 2005), que considera a enunciação como prática política, observando os modos como se constitui a relação linguagem/mundo. Segundo ele, considerar a enunciação como prática política tem um sentido bem específico nessa teoria, caracterizado pela contradição de uma normatividade que estabelece uma divisão do real (GUIMARÃES, 2002, p. 16). Como método de análise, usamos os procedimentos analíticos da enunciação da Semântica do Acontecimento: a reescritura que é o modo como a enunciação rediz o que já foi dito, atribuindo determinados sentidos em decorrência dessas reescrituras e a articulação, relações das palavras com outras nos enunciados do texto. A partir das análises, elaboramos um Domínio Semântico de Determinação (DSD) de cada recorte. Como hipótese do trabalho temos: a primeira, de que os enunciados podem apontar lugares sociais defensores da igualdade, e a segunda de que os enunciados podem reafirmar as desigualdades entre as pessoas com deficiência e as demais pessoas, remetendo-nos ao político na linguagem, dividindo e distribuindo os lugares para o deficiente.

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Publicado

30-12-2019