A CATEGORIA VERBAL EM INTERLÍNGUA PORTUGÊS-LIBRAS: AQUISIÇÃO DA MODALIDADE ESCRITA DO PORTUGUÊS POR SURDOS

Autores

  • Joyce Maria Sandes da Silva Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB/Brasil)

DOI:

https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.86

Palavras-chave:

Interlíngua Aquisição de segunda língua. Português, Categoria Verbal. Surdo, Aquisição de Escrita. Gerativismo, Morfologia Distribuída

Resumo

O presente estudo objetiva investigar a categoria verbal no processo de aquisição da escrita do português por surdos brasileiros e pontuar os possíveis obstáculos que permeiam esse processo, considerando a língua brasileira de sinais (Libras), na modalidade falada, como a primeira língua (L1) dos surdos e o português, na modalidade escrita, como a língua alvo (L2). A partir de metodologia de análise de amostras de produção natural de língua escrita, procuramos descrever e analisar as ocorrências verbais convergentes e não convergentes com o PB encontradas em produções textuais de alunos surdos, a fim de compreender melhor o processo de aquisição da escrita de língua oral por surdos e ampliar o olhar sobre os problemas gramaticais de tais produções e possíveis reflexos da Libras sobre os mesmos. Conduzimos nossa investigação a partir de três hipóteses: (1) assumimos, conforme Kato (2005), que a aquisição da modalidade escrita é um processo de segunda ordem que se dá de forma muito similar ao processo de segunda língua (L2); (2) assumimos, ancoradas em Selinker (1972), a hipótese da interlíngua, de acordo com a qual a interlíngua, embora tenha em si propriedades inerentes tanto à língua materna quanto à língua alvo, difere sistematicamente de ambas as línguas; (3) com base no conjunto de traços de Cowper (2003), discutido por Freitag (2005), formulamos a hipótese de que a aquisição imperfeita do traço [Evento], relativamente ao sistema do português, seja a principal causa da falta de convergência entre os dados da interlíngua e a estrutura do português em sua modalidade escrita. A análise dos dados de interlíngua escrita produzidos pelos sujeitos-informantes nos permitiu constatar a naturezade estruturas gramaticais não convergentes com o PB frequentemente encontradas em produções textuais de surdos brasileiros aprendizes de português como L2. Verificamos que a natureza gramatical de tais problemas envolve desde a escolha lexical do verbo com traços mais apropriados até a composição da estrutura argumental, no que se refere ao número de argumentos e à seleção categorial.

 

Como citar:

SILVA, Joyce Maria Sandes da. A categoria verbal em interlíngua Português-Libras: aquisição da modalidade escrita do português para surdos.  Orientadora: Adriana Stella Caroso Lessa-de-Oliveira.  2016 128f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-graduação em Linguística, Vitória da Conquista, 2016. DOI: https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.86.  Acesso em: xxxxxxxx

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

ALMEIDA, M. A. P. T. Aquisição da estrutura frasal na língua brasileira de sinais. 2013. 91f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Estatual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2013.

______; LESSA-DE-OLIVEIRA, A. S. C. O sinal e a estrutura argumental da língua brasileira de sinais. Revista Veredas, v 18, n. 2, Juiz de Fora: UFRJ, 2014.

AUGUSTO, M. R. A. Aquisição da linguagem na perspectiva minimalista: especificidade e dissociações entre domínios. In: VASCONCELLOS, Z.; AUGUSTO M. R. A.; SHEPHERD T. M. G. (Org.). Linguagem, Teoria, Análise e Aplicações (3). Rio de Janeiro: Editora Letra Capital, 2007.

BASSANI, I.; LUNGUINHO, M. Revisitando a flexão verbal do português à luz da Morfologia Distribuída: um estudo do presente, pretérito imperfeito e pretérito perfeito do indicativo. ReVEL, Edição Especial n. 5, 2011.

BLEY-VROMAN, R. What is the logical problem of foreign language learning? in S Gass & J Schachter (eds.)Linguistic Perspectives on Second Language Acquisition. CUP New York: 41-68. 1989.

BRITO. A. M. Categorias Sintácticas. In: MATEUS, M. H. M. et al. Gramática da língua portuguesa. 63º edição, revista e aumentada. Lisboa: Caminho. 2003. Cap. 11.

CORDER, P. The Significance of Learners’Errors.IRAL, v.5, n.4, p.161-170,1967.

______. Error analysis and interlanguage. Oxford: Oxford University Press. 1981.

CHOMSKY, N. Linguística Cartesiana: um capítulo da história do pensamento racionalista. Tradução de Francisco M. Guimarães. Petrópolis: Editora Vozes/São Paulo: EUSP, 1972.

______. Aspectos da teoria da sintaxe. Trad.: J. A. Meireles; E. P. Raposo. Coimbra: Armênio Amado, 1975.

______. Lecture on Government and Binding. Dordrecht: Foris,1981.

______. Some Concepts and Consequences of the Theory of Government and Binding. Cambridge, Mass: The MIT Press. 1982.

______. Knowledge of Language: its nature, origin and use. New York: Praeger, 1986. 323 p.

______. The Minimalist Program. Cambridge. Massachusetts, USA: MIT Press, 1995.

______. O Programa Minimalista. Tradução de Eduardo Paiva Raposo. Lisboa: Caminho, 1999.

_____. Minimalist inquiries: the framework. In: MARTIN, Robert, MICHAEL, David& URIAGEREKA, Juan. Step-by-step: essays in minimalist syntax in honor ofHoward Lasnik. Cambridge, MA: The MIT Press, 2000. p. 89-155.

______; LASNIK, H. The Principles and Parameters Theory. In: CHOMSKY, N. The Minimalist Program. Cambridge, Massachusetts: MIT Press, 1995.

DUARTE. I. Relações gramaticais, esquemas relacionais e ordem de palavras. In: MATEUS, M. H. M. et al. Gramática da língua portuguesa. 63º edição, revista e aumentada. Lisboa: Caminho. 2003. Cap. 10.

______. A família das construções inacusativas.In: MATEUS, M. H. M. et al. Gramática da língua portuguesa. 63º edição, revista e aumentada. Lisboa: Caminho. 2003. Cap. 13.

______. BRITO. A. M. Predicação e classes de predicadores verbais. In: MATEUS, M. H. M. et al. Gramática da língua portuguesa. 63º edição, revista e aumentada. Lisboa: Caminho. 2003. Cap. 7.

ELLIS, R. The study of second language acquisition. Oxford: Oxford University Press. 1994.

FELIPE, T. A Coesão Textual em Narrativas Pessoais na LSCB. Monografia de conclusão da História da Análise do Discurso do curso de doutorado em Linguística. UFRJ. 1992.

______. Por uma Tipologia dos Verbos na LSCB. Anais do VII Encontro Nacional da ANPOLL. Gôiania. [s.n.] 1993. (726-743).

______. Os Processos de Formação de Palavras na Libras. Educação Temática Digital, v. 7, 2006.

FERREIRA-BRITO, L. Comparação de Aspectos Linguísticos da LSCB e do Português. Conferência apresentada no II Encontro Nacional de Pais e Amigos de Surdos. Porto Alegre. 27 a 29 de novembro de 1986.

______. Por uma Gramática das Línguas de Sinais. Tempo Brasileiro. UFRJ. Rio de Janeiro. 1995.

FILLMORE, C. J. The Case for Case. In: BACH, E.; HARMS, R.T. (Eds). Universals in Linguistic Theory. New York: Holt, Rinehart and Winston, Inc., 1968.

FLYNN, J. R. What environmental factors affectintelligence: The relevance of IQ gains over time. In D. K. Detterman (Ed.), Current topics in human intelligence. The environment, 5. (pp. 17–29) New Jersey: Ablex Publishing Corporation. 1996.

HALLE, M; MARANTZ, A. Distributed Morphology and the Pieces of Inflection. In: The View from Building 20, ed. Kenneth Hale and S. Jay Keyser. MIT Press, Cambridge: MIT Press, pp. 111-176, 1993.

FREITAG, R. M. K. Arranjo dos traços da flexão verbal no português. Estudos Lingüísticos XXXIV, p. 421-426, Garopaba, Universidade Federal de Santa Catarina, 2005.

HERSHNSOHN, J. The Second Time Around: Minimalism and L2 acquisition. Amsterdam: John Benjamins, 2000.

JACKENDOFF, R. S. Semantic Interpretation in Generative Grammar. Massachusetts: MIT Press, 1972

KARNOPP , L. B. Aquisição do Parâmetro Configuração de Mão dos Sinais da Língua de Sinais Brasileira: estudo sobre quatro crianças surdas filhas de pais surdos. Dissertação de Mestrado. Instituto de Letras e Artes. PUCRS. Porto Alegre. 1994.

______. Aquisição Fonológica na Língua Brasileira de Sinais: Estudo longitudinal de uma criança surda. Tese de Doutorado. PUCRS. Porto Alegre. 1999

KATO, M. Sintaxe e Aquisição na Teoria de Princípios e Parâmetros. Letras de Hoje, vol. 30, n. 4, EDIPICRS, Porto Alegre, p. 57-73, 1995.

______. A Gramática do Letrado: questões para a teoria gramatical. In: MARQUES, Maria Aldina et al. Ciências da Linguagem: 30 anos de investigação e ensino. Braga: CEHUM (Universidade do Minho), v. 5, 2005.

KENEDY, E. Curso básico de linguística gerativa. Contexto: São Paulo. Sintaxe e computações sintáticas, p. 177-208; cap. 8, 2013,

LENNEBERG, E. Biological foundations of language. NovaIorque: John Wiley, 1967.

LESSA-DE-OLIVEIRA, A. S. C. Inclusão de pessoas surdas no mundo letrado: proposta de criação de um sistema de escrita para Libras e de métodos de alfabetização em Libras e em português para pessoas surdas. Projeto de pesquisa, protocolado junto à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (Processo: 483450/2009-0) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB (Termo de Outorga: PPP 0080/2010), 2009.

______. Libras escrita: o desafio de representar uma língua tridimensional por um sistema de escrita linear, ReVEL - Línguas de sinais: cenário de práticas e fundamentos teóricos sobre a linguagem, v. 10, n. 19, p.150-184, 2012.

LIGHTFOOT, D. How to set parameters: arguments from language change.Massachusetts: MIT Press, 1991.

MARANTZ, A. No escape from syntax: don't try morphological analysis in the privacy of your own lexicon. University of Pennsylvania Working Papers in Linguistics, A. Dimitriadis, L. Siegel et al., eds., v. 4.2, Proceedings of the 21st Annual Penn Linguistics Colloquium, p. 201-225, 1997.

MIOTO, C. et al. Manual de Sintaxe. 2. Ed. rev. Florianópolis: Insular, 2000.

PAIVA, V. Aquisição de segunda língua.1ª ed,. Parabola Editorial, São Paulo, 2014.

PRADO, L. C. Sintaxe dos determinantes na língua brasileira de sinais e aspectos de sua aquisição. 2014. 164fl. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2014.

QUADROS, R. M. As Categorias Vazias Pronominais: uma análise alternativa com base na Libras e reflexos no processo de aquisição. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do RS. Porto Alegre. 1995.

______. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre. Artes Médicas. 1997.

______. Phrase Structure of Brazilian Sign Language. Tese de Doutorado. PUC/RS. Porto Alegre. 1999.

______. Aquisição das Línguas de Sinais. In: QUADROS, R. M; STUMPF, M. R. (orgs). Estudos Surdos IV. Petrópolis: Arara Azul, 2008. (Série Pesquisas) Cap. 6.

RADFORD, A. Syntactic Theory and the Acqusition of English Syntax. Oxford: Blackwell, 1990.

ROEPER, T. Universal Bilingualism, Bilingualism: Language and Cognition (2)…3 (pp. 169-186), 1999.

SALLES, H. M. M. L; MESQITA, A. C. R. Preposições na língua de sinais brasileira e na interlíngua dos surdos aprendizes de português L2. In: SALLES, H. M. M. L; NAVES, R. R.(Orgs.) Estudos Gerativos de Língua de Sinais brasileira e de aquisição do português (L2) por surdos. Goiânia: Cânone, 2010.

SANDES-DA-SILVA; LESSA-DE-OLIVEIRA. Aquisição da escrita do português por pessoas surdas: natureza gramatical dos problemas. Anais da III Semana de Letras, UESB, 2013.

SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 28ª ed. São Paulo: Cultrix, [1916] 2006.

SCALZO, M. Jornalismo de Revista. 4. Ed. São Paulo. Contexto: 2011.

SELINKER, L. Interlanguage. IRAL, v.10, n. 3, p. 209-231, 1972.

SILVA, I. B. O. A categoria dos verbos na Língua Brasileira de Sinais. 2015. 164fl.

Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Estatual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2015.

______; LESSA-DE-OLIVEIRA, A. S. C. Propriedades funcionais verbais na língua brasileira de sinais. Signos, 2016 (a sair).

SILVA-CORVALÁN, C. On the permeability of grammars. In: W. J. Ashby, M. Mithun, G. Perissionotto e E. Raposo (eds), Linguistic Perspectives on Romance Languages. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, (pp. 19-44), 1993.

SINGLETON, D.; RYAN, L. Language acquisition: the age factor. Clevendeon; Tonawanda NY; e Ontario: Multilingual Matters Ltd, 2004.

STOKOE, W. Sign Language Structure: an outline of the visual communication System of the American Deaf. Studies in Linguistics, Buffalo 14, New York, v. 1, n. 8, p.3-78, abr. 1960.

TARONE, E. Interlanguage. In Keith Brown (Editor in Chief), Encyclopedia of Language and Linguistics, 2nd Ed., Vol. 5. Oxford: Elsevier. (pp. 747-752). 2006.

Downloads

Publicado

30-12-2016