TRAJETÓRIA DO MAIS-QUE-PERFEITO: CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA DO PORTUGUÊS POPULAR DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
DOI:
https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.96Palavras-chave:
Mais-que-perfeito, Funcionalismo, Anterioridade, Uso, GramáticaResumo
Esta pesquisa trata da função de anterioridade a um ponto de referência passado. A este respeito, acreditamos que tal função está codificada no português por meio de outras categorias verbais, além do mais-que-perfeito composto, tais como o pretérito perfeito, evidenciando que a forma simples do mais-que-perfeito parece estar em extinção. Para tanto, esta pesquisa se insere dentro do quadro teórico do Funcionalismo Linguístico. E para comprovar empiricamente isso, verificamos os dados do corpus do Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e em Sociofuncionalismo/CNPQ da região urbana de Vitória da Conquista, na Bahia. Ao discutirmos as noções de tempo, aspecto e ponto de referência, procuramos demonstrar que tal função, até certo ponto, não está vinculada apenas à forma verbal, mas perpassa por toda sentença, sendo inclusive reforçados por advérbios de tempo. Acreditamos que a função de anterioridade não é exercida apenas pelo mais-que-perfeito, outros verbos exercem tal função de igual modo, o que, todavia, não é citado pelas gramáticas de cunho normativo. Os resultados obtidos evidenciam também que a função de anterioridade a ponto de referencia passado é reforçada por outras categorias além da verbal, como os advérbios e até mesmo os contextos em que determinadas sentenças são ditas. Com isso, ficou claro ser necessária uma ampliação das noções comumente definidas nos manuais de gramática para a definição do mais- que-perfeito, o que ao fazermos, teremos que revisitar, junto aos contextos funcionais deste tempo verbal, as noções de tempo, aspecto e ponto de referência em literaturas especializadas. A selecionar falantes com baixa escolaridade, acreditamos que a função de anterioridade está relacionada à heterogeneidade dos utentes. Assim, ao afirmar que o contexto comunicativo é importante, para compreender a dinâmica da língua no que respeita ao fenômeno em estudo, trazemos ao interior de nossa análise o Funcionalismo, teoria linguística que inter-relaciona forma e função, vistas de maneira dinâmica e adaptável às situações de comunicação. Esta pesquisa faz-se necessária para que futuros estudiosos do fenômeno em discussão encontrem nela caminhos problematizarem suas reflexões. Assim, nosso objetivo é ampliar a discussão sobre tempo verbal que, haja vista, é um campo muito rico para que mais pesquisas tenham mais desdobramentos, e assim, possamos conhecer cada vez mais a nossa língua.
Como citar:
ROCHA, Sivonei Ribeiro Trajetória do mais-que-perfeito: contribuições para a história do português popular de Vitória da Conquista - BA. Orientador: Jorge Augusto Ales da Silva; coorientadora: Valéria Viana Sousa; 2016. 128f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-graduação em Linguística, Vitória da Conquista, 2016. DOI: https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.96 . Acesso em: xxxxxxxx
Métricas
Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
ALCKMIN, Tânia. Sociolingüística – parte I. In: MUSSALI, Fernando; BENTES, Anna Cristina. Introdução a Linguística: Domínios e Fronteiras.1ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 21-48.
ALI, Said. Gramática Histórica da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Melhoramentos, 1966.
BACK, Eurico; MATTOS, Geraldo. Gramática Construtural da Língua Portuguesa (vol. I). São Paulo: Editora F.T.D. S.A, 1972.
BULL, William E. Time, tense, and the verb: a study in theoretical and applied linguistics, with particular attention to spanish. Loss Angeles: University California press Berkeley, 1971.
CASTILHO, Ataliba T. de. Introdução ao Estudo do Aspecto Verbal na Língua Portuguesa (Tese de doutorado). Marília: Faculdade de Filologia, Ciências e Letras, 1968.
______. A língua Falada no Ensino de Português. São Paulo: Contexto, 1998.
______. Aspecto Verbal no Português Falado. In: BERNADETE, M, M, A; RORIGUES, A, C. S. (orgs). Gramática do Português Falado. Campinas: Editora da Unicamp, 2002.
______. Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Editora Contexto, 2010.
CALVET, Lois-Jean. Sociolinguística: uma introdução crítica. São Paulo: Parábola Editorial, 2002.
CÂMARA JR, Joaquim Matoso. História e Estrutura da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Livraria Editora LTDA, 1985.
CARVALHO, Dolores Garcia; NASCIMENTO, Manoel. Gramática Histórica. São Paulo: Edita Ática, 1971.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.
COAN, Márluce. Anterioridade a um ponto de referência passado: (pretérito mais-que-perfeito). (Dissertação de mestrado). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, Curso de Pós-graduação em Linguística, 1997.
______. As categorias tempo, aspecto, modalidade e referencia na significação dos pretéritos mais-que-perfeito e perfeito: correlações entre função(ões)-forma(s) em tempo real e aparente (Tese de doutorado). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, Curso de Pós-graduação em Linguística, 2003.
COMRIE, B. Tense (4ª Ed.) Cambrigde: Cambridge University Press, 1990.
CORÔA, Maria Luiza Monteiro Sales. O Tempo nos Verbos do Português. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.
COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de Gramática Histórica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S.A, 1976.
CUNHA, Celso. Gramática Moderna. Belo Horizonte: Editora Bernardo Álvares, 1970.
CUNHA, Maria Ângela Furtado da; COSTA, Marcos Antonio; CEZÁRIO, Maria Maura. Pressupostos Teóricos Fundamentais. In: FURTADO DA CUNHA, M. A.; RIOS DE OLIVEIRA, M.; MARTELOTTA, M. E. Lingüística funcional: teoria e prática. R. de Janeiro: Faperj/ DP&A, 2003.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
ERNOUT, Alfred; THOMAS, François. Syntaxe Latine. 2. éd. rev. et augm. Paris: Klincksieck, 1953.
FONSECA, Fernanda Irene. Para o Estudo das Relações de Tempo no Português. Rio de Janeiro: XV congresso internacional de linguística e filologia românica, 1977, p. 16.
GRANDGENT, C.H. Introduccional Latin Vulgar. Madrid: Publicaciones de la Revista de Filosofia Española, 1952.
HOUAISS, José Carlos de Azeredo. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 2ª ed. – São Paulo: Publifolha, 2008.
ILARI, Rodolfo. Linguística Românica. São Paulo: Editora Ática, 1992.
______. A Expressão do Tempo em Português. São Paulo: EDUC: Editora da PUC, 1997.
______. Sobre os Advérbios Aspectuais. In: ILARI, Rodolfo (org.). Gramática do Português Falado. Campinas: Editora da Unicamp, 2002.
LONGO, B, O; CAMPOS, O, S. A auxiliaridade: perífrase de tempo e de aspecto no português falado. In: M. ABAURRE, MARIA BERNADETE; C. S. RODRIGUES,
ÂNGELA (orgs). Gramática do português falado. Campinas: Editora da Unicamp, 2002.
LIMA-HERNANDES, Maria Célia. Indivíduo, Sociedade e Língua: cara, tipo assim, fala sério! São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp: 2011.
MACHADO, Raúl. Questões de Gramática Latina. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1941.
MARTELOTTA, M. E.; AREAS, E. K. A visão funcionalista da linguagem no século XX. In: FURTADO DA CUNHA, M. A.; RIOS DE OLIVEIRA, M.; MARTELOTTA, M. E. Lingüística funcional: teoria e prática. R. de Janeiro: Faperj/DP&A, 2003.
MARTELOTTA, Mário Eduardo; WILSON, Victoria. Arbitrariedade e Iconicidade. In: MARTELOTTA, M, E. (orgs). Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2008.
MARTIN, Robert. Para entender a Linguística. São Paulo: Editora Parábola, 2003.
MARTINET, André. Elementos de Linguística Geral. Lisboa: Livraria Martins Fontes Editora LTDA, 1976.
MELO, G. C. Gramática Fundamental da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1987.
MELO, Roberto de Mesquita. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.
NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
_______. Gramática de Usos do Português. São Paulo: Editora Unesp, 2000.
NUNES, José Joaquim. Compêndio de Gramática Histórica Portuguesa. Lisboa: Livraria Clássica Editora A. M. Teixeira & C, 1945.
PEREIRA, Eduardo Carlos. Gramática Histórica. São Paulo: Editora Monteiro Lobato e Cia, 1932.
PERINI, Mario A. Gramática Descritiva do Português. São Paulo: Editora Ática, 2004.
ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 45ª Ed. – Rio de Janeiro: José Olímpio, 2006.
SILVA, Jorge Augusto Alves da. A concordância verbal de terceira pessoa do plural no português popular do Brasil: um panorama sociolinguístico de três comunidades do interior do estado da Bahia. (Tese de doutorado). Florianópolis: Universidade Federal da Bahia, Curso de Pós-graduação em Linguística, 2005.
SPINELLI, Vicenzo. Morfologia essencial da língua italiana. Ed.: I. C Instituto di Cultura Italo-Bra. I. B.- 1940.
TRAVAGLIA, Luís Carlos. O Aspecto verbal no Português: a categoria e sua expressão verbal. Uberlândia: EDUFU, 2006.
VILELA, Mário; KOCH, Ingedore Villaça. Gramática da Língua Portuguesa. Coimbra: Livraria Almedina, 2001.
WILLIAMS, Edwin Bucher. Do latim ao português: fonologia e morfologia histórica da língua portuguesa. Tradução: Antônio Houaiss. 2ª Ed. Rio de Janeiro: tempo brasileiro, INL, 1973.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Categorias
- Linha de Pesquisa 1 - DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE LÍNGUAS NATURAIS
- Orientador: Dr. Jorge Augusto Alves da Silva
- Coorientadora: Profa. Dra. Valéria Viana Sousa
- Projeto Temático: Português popular do Brasil: bases empírico-teóricas para a constituição, descrição e análise de um corpus linguístico da comunidade de fala de Vitória da Conquista - Ba
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.