RELAÇÃO ENTRE FREQUÊNCIA DAS PALAVRAS E LEITURA ORAL DE ESCOLARES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Resumo

Esta pesquisa investiga o efeito da frequência das palavras na leitura oral de escolares dos anos iniciais do ensino fundamental. Objetivou-se investigar e correlacionar, tanto em palavras isoladas quanto no texto, o efeito da frequência de palavras/pseudopalavras e o desempenho na leitura oral, especificamente o tempo e a acurácia de conversão grafofonêmica. O estudo avaliou essas variáveis na leitura de 51 participantes, entre sete e nove anos, sendo 17 escolares por turma — 2º, 3º e 4º anos, de uma escola pública da cidade de Vitória da Conquista. Os participantes foram avaliados em três momentos: no primeiro momento, realizaram a leitura das palavras isoladas; no segundo momento, fizeram a leitura do texto e, no terceiro, os escolares informaram quais palavras eram mais ou menos frequentes. Os áudios dos dois primeiros momentos foram gravados. Os dados foram analisados à luz do modelo psicolinguístico simples da Dupla-Rota (COLTHEART, 2013), e do Paradigma Dinamicista (THELEN; SMITH, 1994; LARSEN-FREEMAN,1997). Os resultados no seu conjunto mostraram que, de maneira geral, palavras de alta frequência foram lidas mais rapidamente e com maior acurácia que as demais categorias (média e baixa frequência e pseudopalavra), e que as palavras no texto foram convertidas mais rapidamente e com maior acurácia que palavras isoladas. Os resultados de alguns participantes sugerem a pertinência dos fundamentos do Paradigma Dinamicista, especialmente a variabilidade, bem como os conceitos de gradiência e atrator, o que pode ser em parte explicado pela interação da frequência com outras características das palavras como a extensão e a regularidade. Entre outros aspectos, tais resultados sugerem que usar palavras frequentes nos anos iniciais pode influenciar no desenvolvimento das habilidades de leitura já que essa estratégia contribui para a transição da conversão da rota fonológica para a lexical.