INVESTIGAÇÃO PROSÓDICA NA (DES)ORGANIZAÇÃO DA FALA DISÁRTRICA DE RA

Resumo

Esta dissertação surgiu a partir do interesse em investigarmos a linguagem oral em funcionamento em um sujeito disártrico, por meio de um acompanhamento longitudinal. O sujeito em questão, RA, foi vítima de um acidente automobilístico aos 28 anos de idade, permanecendo em coma por 27 dias, devido a um traumatismo craniano, apresentando, com isso, a disartria como sequela. Para o desenvolvimento deste estudo, lançamos mão dos conhecimentos teórico-metodológicos da Neurolinguística Discursiva (ND), um campo recente na Linguística, que se interessa em estudar a relação linguagem-cérebro, buscando analisar a linguagem em funcionamento em sujeitos que apresentam patologias de linguagem; e dos conhecimentos Fonéticos e Fonológicos sobre ritmo, duração, pausa, velocidade de fala, estrutura silábica, dentre outros que podem nos auxiliar na compreensão dos distúrbios prosódicos da fala de RA. Para o acompanhamento longitudinal, selecionamos atividades que têm como objetivo inserir o sujeito disártrico em situações dialógicas que fazem sentido para ele no seu dia-a-dia. Dessa forma, a ND entende o sujeito disártrico como um produtor de discurso, o que o habilita a se inserir em práticas verbais utilizando, também, processos linguísticos de significação para estabelecer a linguagem. RA, devido à velocidade de fala, produz um número excessivo de pausas, causando, assim, alterações prosódicas, o que interfere de forma significativa no ritmo de sua fala. A partir disso, surge a seguinte pergunta: Em que medida a disartria afeta o padrão rítmico da fala de RA? Quais aspectos prosódicos podem ser alterados na fala desse sujeito e como o investigador pode intervir para ajudar na reorganização rítmica da fala de um sujeito disártrico? A fim de respondermos tais perguntas, defendemos a hipótese de que a disartria afeta a linguagem oral em funcionamento do sujeito RA, especificamente o padrão rítmico, a saber, o excesso de colocação de pausas e a alteração na duração sintagmática, tornando a fala acelerada. Com base nessa afirmação, apresentamos como objetivo investigar aspectos linguísticos da linguagem oral em funcionamento no sujeito disártrico RA, a partir dos pressupostos teórico-metodológicos da ND. Além disso, é nosso objetivo avaliar a organização rítmica da fala de RA, a fim de direcionar a intervenção do investigador em prol da reestruturação da linguagem nesse sujeito. Enfatizamos que o ponto mais afetado na fala de RA é a prosódia, quando há alteração no ritmo, na velocidade e na colocação de pausas, comprometendo, assim, a estrutura silábica, sendo alterada a produção das consoantes e das vogais, devido ao aumento da velocidade, o que faz com que haja alteração na duração desses segmentos e na dos sintagmas.

Como citar:

RUAS, Daniela Pereira de Almeida. Investigação prosódica na (des)organização da fala disártrica de RA.  Orientadora: Nirvana Ferraz Santos Sampaio.  2015. 97f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-graduação em Linguística, Vitória da Conquista, 2015. DOI:https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2015.v3i1.58. Acesso em: xxxxxxxx