IMPLICAÇÕES E ASPECTOS LINGUÍSTICOS NA ESCRITA DE UM SUJEITO AFÁSICO
DOI:
https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.98Palavras-chave:
Neurolinguística, Afasia, LinguagemResumo
A princípio, o interesse em estudar as patologias da linguagem sempre esteve ligado a uma disfunção anatomo-fsiológica do cérebro. Entretanto, com a mudança do paradigma do século XIX, o cérebro começa a ser estudado de maneira científica e o interesse passou a ser estudar e desvendar as relações entre cérebro e linguagem. A descrição das alterações de linguagem decorrente do sujeito cérebro-lesado deu origem a afasiologia. Na contra mão dessa tendência, a Neurolinguística, campo moderno nos estudos afasiológicos, deu-se no desdobramento dos estudos de processos linguísticos e cognitivos do cérebro normal ou patológico, que concebe a linguagem um lugar de interação e interlocução de sujeitos. Tradicionalmente, a linguagem escrita não é abordada de maneira significativa nos estudos das afasias, isso justifica a nossa escolha de empreender uma discussão sobre o processo de (re)contrução da linguagem escrita e as estratégias usada por RR para driblar suas dificuldades, e pra isso, partimos de três pontos fundamentais: 1) a consideração da importância dos processos de letramento do sujeito, 2) a consideração das condições da interação que ocorrem e 3) como as atividades desenvolvidas no Ecoa 1 interferem no processo na (re)construção da linguagem. Nesta dissertação, apresentamos algumas conceituações implicadas na compreensão do estatuto da linguagem escrita nos estudos relacionados à Neurolinguística, como os estudos desenvolvidos por Luria e por Vygotsky. Escolhemos algumas categorias de análises para os dados que procuraram abarcar a hipótese de que as condições de letramento e de inserção nas práticas de leitura e escrita colaboram para o reingresso do sujeito RR no mundo da escrita. Sob a ótica desses conceitos, o objetivo deste trabalho é analisar o efeito das práticas sociais com a linguagem na (re)construção da escrita do sujeito RR. A elucidação da pesquisa foi realizada através dos dados qualitativos das produções escritas de RR, retiradas das reuniões em grupo e individual, e que colocava o sujeito em diversas situações dialógicas e de práticas de leitura e escrita. O grupo de acompanhamento coletivo é realizado no ECOA (Espaço de convivência entre afásicos e não afásicos). O acompanhamento longitudinal e as análises recorrem aos estudos da Linguística aliados aos estudos da Neurolinguística. Identificamos como o acompanhamento foi decisivo para a evolução e para a reinserção de RR nas práticas com a linguagem. Assim, buscamos contribuir para o desenvolvimento teórico acerca do funcionamento da linguagem na patologia.
Como citar:
NOVAES, Tamiles Paiva. Implicações e aspectos linguísticos na escrita de um sujeito afásico. Orientadora: Nirvana Santos Ferraz Sampaio. 2016. 85f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-graduação em Linguística, Vitória da Conquista, 2016. DOI: https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2016.v4i1.98. Acesso em: xxxxxxxx
Métricas
Referências
ABAURRE, M. B. M. (1994). Indícios das primeiras operações de reelaboração nos textos infantis. In: Estudos Linguísticos XXIiII, Anais de Seminários do GEL, v. 1, São Paulo, SP: USP. pp. 367 -372
__________ (1996) Os estudos linguísticos e a aquisição da escrita. In: CASTRO, M. F. P.de (org.). O método e o dado no estudo da linguagem.
__________ (2003). Questões sobre o estilo e sua relação com gêneros do discurso no processo de aquisição da escrita. In: Caderno de Estudos Linguísticos, 44. Campinas, SP: Unicamp.
__________ & COUDRY, M. I. (2008). Em torno de sujeitos e olhares. In: Estudos da Lingua(gem), v. 6, pp 1 -10.
BAGNO, M. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 2ª ed., São Paulo: Ed. Loyola, 1999.
BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1981. (Edição original, 1929)
BENVENISTE, E. O aparelho formal da enunciação. In: Problemas de Lingüística Geral II. São Paulo: Pontes, 1989. cap. 5. p. 81-92.
CHAUÍ, M. Apresentação: os trabalhos da memória. In: BOSI, E. Memória e Sociedade: lembranças de Velhos. 3ª ed. São Paulo: Cia da Letras, 1994. (p. 17-33) (ed. Original: 1973).
COUDRY, M. I. H. (1986/1988). Diário de narciso: discurso e afasia: análise discursiva de interlocuções com afásicos. São Paulo: Martins. Fontes, 2001
__________ (1996). O que é o dado em Neolinguística? In: CASTRO, M. F. P. de (org.). O método e o dado no estudo da linguagem.
__________ & POSSENTI (1983). Avaliar discursos patológicos. In: Caderno de Estudos Linguísticos, v. 5 pp 99 – 109.
COUDRY, M. I. H. Centro de Convivência de Afásicos: Fundamentos teóricos e metodológicos In: Anais do 1º Encontro do CELSUL, Vol. nº1. Florianópolis. 1997 a. ___ 10 anos de Neurolinguística no IEL. In: Cadernos de Estudos Linguísticos , 32: 09-23. 1997b.
____Linguagem e Afasia: Uma abordagem discursiva da Neurolinguística. In: Cadernos de Estudos Linguísticos, 42, Campinas, IEL, UNICAMP, p. 99-129, 2002 a.
FOUCAULT, M. Arqueologia do Saber. 3ª edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1987.
FRANCHI, C. Linguagem – atividade constitutiva. Cadernos de Estudos Lingüísticos, nº 22, Jan./Jun. Campinas: UNICAMP/IEL, 1977/1992.
FREUD, S. (1891/1973). A interpretação das afasias. Tradução de Ramón Alcalde. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión.
GINZBURG, C. (1989). Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: __________ Mitos emblemas sinais: morfologia e história. São Paulo, SP: Companhia das Letras.
JAKOBSON, R. (2005). Linguística e comunicação. São Paulo, SP: Cultrix
JAKOBSON, R. A afasia como um problema lingüístico. In: LEMLE, M. (Org.). Novas perspectivas lingüísticas. Petrópolis, RJ: Vozes, 1970, p. 43-54.
KLEIMAN, A. (1998). Ação e mudança na sala de aula: uma pesquisa sobre letramento e interação. In: ROJO, R. (org). Alfabetização e letramento: perspectivas linguísticas. Campinas: Mercado de Letras, 1998, pp. 173-203.
LARROSA, J. Ler é como traduzir sob a condição babélica da língua. Conferência proferida no 13º COLE (Congresso de Leitura do Brasil), UNICAMP, Campinas, 2001.(anotações feitas durante a conferência).
LURIA, A. R.(1981). Fundamentos de neuropsicologia. São Paulo: EDUSP.
MARCUSCHI, L. A. Contextualização e Explicitude na Relação entre Fala e Linguagem Escrita. Conferência apresentada no I Encontro Nacional sobre Língua Falada e Ensino na UFAL. Maceió, AL. 1994. (14 a 18 de março).
Minayo MCS. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. 9ª edição revista e aprimorada. São Paulo: Hucitec; 2006. 406 p.
MORATO, E. M. Um Estudo da Confabulação no Contexto Neuropsicológico: o discurso à deriva ou as sem-razões do sentido. Campinas, SP: [s.n.]., Instituto de Estudos da Linguagem, UNICAMP, 1995a. (Tese de doutorado em Linguística)
__________________. Significação e neurolinguística. Temas em neuropsicologia e neurolinguística, 4: 26-31, 1995b.
_____________. Afasia e heterogeneidade discursiva. Investigando a linguagem. Florianópolis, SC: Editora Mulheres, 1999.
_____________. Neurolingüística. In: MUSSALIM, F. & BENTES, A. C. (orgs.) Introdução à Lingüística. Domínios e Fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001.
_____________ (org.) Sobre as Afasias e os Afásicos: subsídios teóricos e práticos elaborados pelo Centro de Convivência de Afásicos. Campinas: Editora da Unicamp, 2003.
NOVAES-PINTO (2012) Cérebro, linguagem e funcionamento cognitivo na perspectiva sóciohistórico- cultural: inferências a partir do estudo das afasias. In: Letras Hoje
ORLANDI , E. P. Interpretação: autoria, leituras e efeitos do trabalho simbólico. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes. 1996/1998.
ORLANDI, E.; GUIMARÃES, E. Unidade e Dispersão: uma questão do sujeito e do discurso. Discurso e Leitura. São Paulo/Cortez, Campinas/Ed. da UNICAMP, 1988.
PÊCHEUX, M. Discours: Structure ou Evennement? (Traduzido por Eni Orlandi. Discurso: estrutura ou acontecimento? Campinas, Pontes, 1990.). Illinois, University Press, 1983.
SAMPAIO, N.F.S. Uma abordagem sociolingüística da afasia: o Centro de Convivência de Afásicos (UNICAMP) como uma comunidade de fala. Originalmente apresentada como Tese de Doutorado. Campinas: Dep. de Lingüística, Instituto de Estudos da Linguagem, UNICAMP, 2006.
SAUSSURE, F. Curso de lingüística geral. 27. ed. Rio de Janeiro: Cultrix, 1916. 279 p. Edição consultada: 2006
SANTANA, A. (2002) Escrita e afasia: o lugar da linguagem escrita na afasiologia. São Paulo, SP: Plexus.
TFOUNI, L.V. (2000). Letramento e alfabetização. São Paulo, SP: Cortez.
VYGOTSKY, L. S. (1984). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.
__________ (1987). Pensamento e Linguagem. São Paulo, SP: Martins Fontes.
______________. A pré-história da linguagem escrita. In: A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988. (edição original, 1931).
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Categorias
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.